Policial
‘Meu ex espalhou para todo mundo que eu tinha HIV – e era mentira’

O fim do relacionamento de Helen (nome fictício) foi o início de um pesadelo. “Eu passei a receber sem parar ligações, e-mails, mensagens. Em um único dia, chegaram 457 mensagens”, diz ela à BBC.
Ela estava sendo perseguida por seu ex-namorado.
“O conteúdo das mensagens era horrível. Muito abusivo, me chamando de ‘escória da humanidade’, perguntando como eu podia terminar aquele relacionamento, que ninguém iria me querer”, conta.
“Depois, piorou”, acrescenta.
Em uma rede social, o homem mentiu dizendo que Helen tinha infecções sexualmente transmissíveis e HIV.
“Vivia em uma comunidade muito pequena. Foi horrível ter que lidar com isso; não podia mais sair em público. Sentia como se todos soubessem e estivessem falando sobre mim. Fiquei muito, muito assustada e paranoica”, conta.
Helen decidiu dar fim àquela situação e procurou ajuda.
Ela diz que, a princípio, a polícia foi muito solícita e notificou seu ex-namorado por assédio.
Mas ressalva que o caso nunca foi tratado como perseguição, mesmo depois de o homem passar de carro várias vezes em frente à sua casa enquanto estava reunida com policiais.
Mas o homem violou os termos da notificação policial ao publicar comentários na internet sobre Helen e tentar se comunicar com ela diretamente.
Quando voltou à polícia, Helen sentiu que estava sendo ignorada. Escutou comentários como: “Ele é de uma boa família. Você não pode ignorar as coisas no Facebook, pedir aos amigos para não te mostrarem mais isso?”. Chegou a ser aconselhada, inclusive, a se afastar das redes sociais.
Ela diz também que, ao ligar para o disque-denúncia de casos de perseguição, ouviu que deveria esperar de “cinco a sete dias”.
Ciberperseguição
São casos como os de Helen que levaram o Centro Nacional de Pesquisa em Ciberperseguição (NCCR, na sigla em inglês) da Universidade de Bedfordshire e a polícia de Bedfordshire, condado no leste da Inglaterra, a criar medidas para ajudar as vítimas e quem investiga esse crimes.
Um aplicativo está sendo desenvolvido para facilitar a coleta de provas de perseguição, como registros telefônicos, capturas de tela do celular, vídeos e gravações.
O app reúne dados por trás das mensagens recebidas para ajudar a achar o criminoso e identifica os períodos do dia ou da semana em que ele está mais ativo para que a vítima possa se planejar para tentar evitar o assédio.
Em julho, dois órgãos do governo britânico divulgaram um relatório conjunto em que alertam para a vulnerabilidade das vítimas de assédio e perseguição por falhas na atuação de policiais e promotores da Inglaterra e do País de Gales no registro e investigação desse tipo de crime.
Mais de 1,1 milhão de pessoas são alvo por ano de algum tipo de perseguição nestes dois países, segundo estatísticas oficiais.
O NCCR também criou um questionário para ajudar policiais a avaliar o risco que o criminoso representa para uma vítima.
O psiquiatra forense Frank Farnham diz que a reação inicial da polícia é vital e que, “em média, uma pessoa suporta a situação por três meses antes de procurar ajuda”.
“Se um policial considerar o que ela está vivendo como trivial, a pessoa pode não retornar”, acrescenta o especialista.
O grupo de trabalho de Bedfordshire ainda se dedica a tratar o criminoso. A polícia do condado quer entender por que uma pessoa comete esse tipo de crime e educá-la sobre o impacto de seu ato.
Farnham defende que a recuperação é possível em alguns casos.
“Depende da motivação e do estado mental do criminoso”, assinala.
“Há certos indivíduos que compreendem em certa medida que seu comportamento é inaceitável, mas carecem das habilidades necessárias para lidar e dar fim a isso. Se você puder intervir cedo, oferecendo terapia e tratamento para doenças mentais, isso pode ser benéfico”, acrescenta.
Ele diz que, como a taxa de reincidência entre perseguidores é alta, uma pequena mudança em sua forma de agir pode ter um grande impacto no número de incidentes com os quais a vítima tem de lidar.
Para Helen, isso representaria um grande avanço. Ela diz que seu ex-namorado deixou de fazer contato com ela há vários meses.
“Ser perseguida fez eu sentir como se eu não tivesse nenhum valor. E sou uma pessoa muito forte, independente e animada”, afirma.
“Fiquei com muita raiva de mim mesma por ter entrado nessa, nunca pensei que estaria em um relacionamento assim. Fiquei com muita raiva dele também e decidida a superar tudo isso”, conclui.
Fonte: BBC
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