Economia
Mudanças nas regras devem facilitar acesso ao crédito imobiliário
Com as mudanças das regras para concessão de crédito imobiliário, que poderá ser corrigido pela inflação, a expectativa é que haja redução das taxas de juros, facilitando o acesso a imóveis. Segundo André Montenegro, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), a medida deverá beneficiar principalmente os consumidores de classe média, ajudando a reduzir altos estoques de unidades habitacionais para essa faixa de renda.
“Qualquer redução de juros beneficia o setor, uma vez que aumenta a capacidade das pessoas para comprar imóveis. E isso abre um grande mercado para as empresas, que hoje estão com estoques para o segmento de classe média”, diz Montenegro. “Mas, como a nossa economia está com a inflação baixa e juro baixo, é preciso que haja cuidado por parte do Governo para não prejudicar as pessoas que fecharem os contratos agora, caso a inflação venha a subir”.
Hoje, os financiamentos habitacionais são corrigidos pela Taxa Referencial (TR), atualmente zerada, mais juros fixos que variam de acordo com o perfil do mutuário, normalmente de 8,5% a 9,5%. Embora avalie que a tendência é que a inflação permaneça baixa nos próximos meses, Montenegro diz que o ideal é que seja criado algum mecanismo de proteção para conter grandes variações da inflação. “A TR tem uma estabilidade ao longo dos anos, que torna o custo do financiamento mais previsível, então é preciso tomar esse cuidado”, diz.
Na quarta-feira (14), o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou resolução que permite que novos financiamentos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) tenham o saldo devedor atualizado por índices de preços. Na quinta, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, anunciou que o banco passará a conceder crédito imobiliário corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais uma taxa de juros fixa.
O presidente Jair Bolsonaro informou que as mudanças das regras serão anunciadas na próxima terça-feira (20). O Palácio do Planalto projeta uma redução de até 31,5% dos juros dos financiamentos imobiliários. Como o banco detém mais de 70% do crédito habitacional do País, outras instituições também podem derrubar suas taxas para evitar perder novos clientes.
Taxas
Mesmo com a TR zerada, a Caixa deverá abrir mão de suas próprias taxas para reduzir os custos do financiamento – ainda está em discussão a taxa adicional, que poderá variar de 2% a 3%. Clientes da Caixa ou com boa avaliação de crédito na praça pagarão juros menores. Na prática, o juro total sofrerá cortes entre 28% e 31,5% em relação ao modelo vigente. Somando juros e taxas cobrados, seriam 8,5% (no modelo pela TR), ante 5,82% (pelo IPCA), e 9,5% ante 6,82%.
Ao usar os recursos da conta no FGTS, os empréstimos do SFH contam com juros mais baixos. E, nessa modalidade, o teto para financiamento de imóveis é de R$ 1,5 milhão. De acordo com o Banco Central, as mudanças promovidas pelo CMN buscam tornar o mercado imobiliário menos dependente dos recursos dos depósitos do FGTS.
Fonte: Diário do Nordeste
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