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Entre Olhares: Banditismo social trapalhão

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Finalmente consegui retornar às atividades redacionais. Muitas vezes nossos leitores pensam que é fácil escrever uma coluna por semana. Posso assegurar-lhes que não é bem assim. Uma coluna é uma obra de arte e como tal, carece de inspiração. Esta, muitas vezes, nos falta ou, quando nos chega já é muito tarde ou atrasado para enviar o material para divulgação. Contudo, esforçamo-nos ao máximo, no sentido de não faltar com o nosso compromisso, pois muitas são as cobranças.

Considerei por bem abordar esta questão do BANDITISMO SOCIAL que remonta ao pioneirismo de Robin Woody, do mexicano Pancho Villa (Zorro) e do brasileiríssimo nordestino Virgulino Ferreira da Silva, o nosso mega herói LAMPIÃO. Todos esses personagens sociais foram conceituados como “um criminoso incomum que luta para combater a injustiça, opressão e pobreza de seu povo causada pelos senhores feudais, reis ou estados” (Hobsbawm, 2010).

Robin Woody e Pancho Villa foram conceituados bandidos nobres, ou seja, aquele que rouba para seu povo fraco e oprimido, aquele que tende a não matar, se não houver necessidade (Tonetto & Barcellos, 2014). Já a versão heroica tupiniquim que recebeu a alcunha de Lampião foi classificado como bandido vingativo: “traz com ele valores do ‘bandido nobre’. Generoso com os pobres, defensor dos oprimidos, digno de admiração e temor, o vingador geralmente inicia sua vida no banditismo após sofrer uma injustiça ou ofensa da honra” (Hobsbawm, 2010).

Nobres ou não, a saga dos bandidos sociais era combater a injustiça e promover a redistribuição igualitária de recursos aos mais pobres. A direita brasileira é ímpar em sua capacidade de se apoderar do discurso da esquerda, cooptando-o, transmutando-o ou reinventando-o, para finalmente colocar em prática as suas intenções. E isso não foi diferente em relação ao banditismo social. Só que desta vez, às avessas, contrariando toda a filosofia inicial que lhe deu origem.

O que temos hoje no Brasil são os Robin Hoody’s, Panchos e Virgulinos dos ricos, engravatados, empresários, latifundiários que roubam dos pobres para empapuçar ainda mais a classe dominante que expropria, explora até a exaustão e retira até mesmo direitos adquiridos da classe trabalhadora. Reforma Trabalhista, Reforma da Previdência, Portaria sobre Trabalho Escravo, tudo em conformidade com os rigores da Lei que é redigida e aprovada por esses bandidos sociais.

Não bastasse a invenção de complexos mecanismos legais e burocráticos para a usurpação do que é nosso, toda parafernália de ações são perpetradas para beneficiar os arautos da República. Sabemos que além da ‘vista grossa’ que é feita em relação à sonegação fiscal, somente à Previdência Social os grandes empresários acumulam uma dívida superior a R$ 400 bilhões. Latifundiários devem outros tantos bilhões de Reais ao INCRA. Grandes empresas devem outros tantos bilhões de Reais ao BNDES. Banqueiros devem outros tantos bilhões de Reais ao Banco Central. E por aí vai.

Na esteira do desmando, do desmantelo e da avacalhação, numa teatralizada e suposta harmonia entre os Três Poderes, Legislativo e Judiciário se engalfinham numa verborragia ridicularizante para determinar quem manda mais. Ao estilo de novela mexicana de quinta categoria o Congresso Nacional supostamente promove a votação de uma encenação para bloquear a ação da Justiça e blindar os ‘novos bandidos sociais’ para que não respondam por suas vergonhosas ilicitudes.

A coisa está tão escancaradamente escabrosa que já não se dão mais nem ao trabalho de justificar seus posicionamentos, nem mesmo dissimular, ou sequer clamar pela ‘defesa da ética e dos bons costumes de classe’. Pagamos mais de R$ 1 bilhão para sustentar uma panaceia chamada Câmara dos Deputados para simplesmente legalizar todo tipo de ilegalidade e imoralidade contra o Povo do Brasil. E o que estes roedores, abutres sociais, saqueadores, sangue suga, quadrilheiros de plantão fazem é comemorar, cantar e dançar, no mais debochado comportamento anti ético que “tudo está no seu legar”.

Parece-me que está nos faltando coragem para reeditar o verdadeiro e genuíno BANDITISMO SOCIAL para se contrapor e frear canalhice do banditismo social trapalhão tupiniquim que está levando a sociedade brasileira ao esgotamento físico e psicológico, destruindo autoestima, retornando milhares de famílias à miséria e ao desespero, desmantelando o Estado Público, nossas instituições públicas, entregando nosso patrimônio, em fim, levando-nos ao fim.

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