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AMERICANDO: Os inomináveis, broxantes, ignorantes, mentirosos e cruéis

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“Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Dê lhes grandeza e um pouco de coragem”

(Blues da Piedade, Cazuza e Frejat).

 

 

Gosto dos escombros, de vasculhar coisas que as pessoas jogam no lixo, os descartáveis da sociedade, tanto coisas como pessoas… Minhas melhores conversas foram com loucos, ébrios, pedintes e andarilhos. Fazendo uma caminhada matinal em um dia que nem cheguei a dormir na noite anterior, me deparei com uma esquina, aqui perto de casa, com um tambor de lixo bem cheio e em sua base uma sacola com livros… fiquei curioso. Eram em torno de 6 horas da manhã ou um pouco menos. O bairro onde moro é residencial e um pouco afastado do centro da cidade. Nessa rua onde me encontrava não havia ninguém… apenas um gato, próximo dali que eu me lembre…

Me aproximei do tambor de lixo, abaixei e comecei a abrir a sacola que contia alguns livros em seu interior. Lembro-me que certa vez encontrei uma edição antiga do Eu e Outras Poesias do Augusto dos Anjos em um local reservado a lixo, próximo a uma escola. E lá estava eu com curiosidade a abrir aquela sacola que possuía alguns livros, uma lista telefônica antiga e um caderno. Mesmo sentindo um cheiro de comida podre que certamente havia dentro do tambor, fiquei ali a ver quais era os livros e o caderno me chamou a atenção por não ter o aspecto de muito usado, antigo, sujo ou rasgado. Os livros eram escolares, de nível fundamental e estavam bem gastos e rasgados. Percebi que além de não possuir um aspecto descartável, o caderno continha alguns textos como poemas, desenhos e superficialmente vi que os textos versavam sobre reflexões e crônicas críticas às pessoas, sociedade e religião. Levei o caderno para casa que não possuía o nome de seu proprietário. Alguns dias após o achado eu já havia lido todo o conteúdo do caderno. Um texto de sobremaneira me chamou a atenção e eu o compartilho aqui com o leitor. Vindo direto do lixo, mas achei muito interessante… acho que o dono ainda o procura, este caderno foi descartado sem intensão. Se você ler este texto e reconhecer que o texto é o que escreveste em um caderno de capa amarela, eu lhe devolvo com todo prazer; por isso, caro leitor, coloco o texto aqui na íntegra para ver se encontro o real ator do texto. Segue o texto que encontrei em um caderno de capa amarelo que estava no lixo. “Os inomináveis, broxantes, ignorantes, mentirosos e cruéis.”, eis o título… segue o texto abaixo…

Algumas pessoas não precisam ser citadas. O simples fato de lembra-las, esses vultos miseráveis de vida patética, já nos fazem ficar em um estado ruim. São pessoas que passam em nossas vidas e que não deixam saudades, mas traumas, são inomináveis porque o nome traz infelizmente algo ruim, sentimentos de angústia demais da conta e o nome ou imagem que me vem a mente para não dizer o nome dessas pragas é uma bolsa, uma bolsa de escarro! Uma bolsa cheia de escarro! Sabe uma bolsa de naco? Uma porção caprichada de algo fedorento? Uma bolsa de escarro para não nominar o nome dessas pessoas por demais da conta más!

O que és não há obrigação por demais da conta de se dizer. O povo sabe, aliás, é só quem realmente sabe das coisas é o povo! Falar demais de uma coisa é levantar suspeitas demais da conta para o contrário do que se fala. Tem gente que se diz pegador e que nunca broxou. É justamente o contrário. Não só broxou como é broxante por demais da conta em tudo na vida.

  Alguns são verdadeiros palermas, toscos, rudes, preconceituosos e desprovidos de quaisquer conhecimentos. Não vou chamar os tais de jumentos, porque o jumento é nosso irmão e trabalha.

Soma-se ao que já foi dito o caráter de um ser mentiroso por demais da conta. Um mentiroso profissional. Alguns infelizmente são assim. O que alguns já falaram sendo mentira, passa, é o que dizem, de 5 mil. É muita mentira por demais da conta. O pior é que falam em nome de Deus, falam como se tivessem certos, mas é uma grande hipocrisia, mentem demais. Eu tenho pena de vocês, seus mentirosos por demais da conta.

Para terminar digo que alguns aí são extremamente cruéis. Riram de quem morreu, fizeram piada com a agonia das pessoas morrendo e ainda disseram que nada podiam fazer porque não trabalhavam no cemitério. É ser muito ruim demais da conta pessoas que fazem isso.  Não fizeram o que era necessário e lógico fazer para evitar a morte de muitos. Dizem que 400 mil mortes poderiam ter sido evitadas, mas não se evitou porque foram passear nas águas e nas pistas com outros tantos inomináveis, broxantes, mentirosos e cruéis por demais da conta.

A porta vai se fechar e vocês que fizeram isso vão ser abandonados porque quem os segues são covardes como vocês. Vocês são uma representação fiel dos alienados que os seguem.

Deus perdoe vocês, seus inomináveis, broxantes, rudes, mentirosos e cruéis.”

 

Por Américo Neto

Contato: zeamericoneto@hotmail.com

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