Brasil
“Não tive tempo de ter medo”, diz juiz que enfrentou batalhão de choque
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(Foto:Reprodução)[/caption]“Não tive tempo de ter medo”, disse o cearense de 68 anos que foi capa do jornal New York Times desta sexta-feira (28).
(Foto:Reprodução)
Essa expressão, segundo ele, é do homem mais justo que já conheceu, o comandante Carlos Marighella. O juiz, já aposentado, Silvio Mota participava da manifestação no entorno da Arena Castelão, em Fortaleza, na quinta-feira (27), dia da semifinal entre Espanha e Itália.
A foto capturou o momento em que o idoso ficou frente a frente com policiais militares. Sobre o momento, Silvio Mota afirmou que não pensou em nada no momento, apenas expressou sua indignação. “Eu estava manifestando livremente sem arma, quando fui atacado pela Polícia Militar. A imagem que está passando é que de repente a polícia foi provocada. Isso não aconteceu! Quem atacou foi a polícia e atacou uma manifestação pacífica para acabar com a manifestação”.
Além disso, ele avaliou que a repercussão na mídia internacional é boa e fez críticas à cobertura da imprensa nacional. Ele também ressaltou que luta pela reforma política, que não há uma guerrilha contra o governo nacional.
Sobre ter se colocado bem de frente para o batalhão de choque, o magistrado brincou: “Já tomou banho de piscina numa manhã fria? A gente tem que se jogar logo, não pode parar para pensar não”.
Confira a nota postada no Facebook do juiz:
“Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor!
Era isso que eu ia cantando quando avancei contra a PM do Sr. Cid Gomes.
Por que avancei?
Em primeiro lugar, porque a polícia não se manteve nas barreiras e avançou para acabar com a manifestação. Uma manifestação pacífica, de cara limpa, em que tremulavam bandeiras dos movimentos sociais e até de partidos políticos.
Não é verdade que os manifestantes provocaram o enfrentamento.
A PM do Ceará mentiu, e a Rede Globo também.
A maior manipulação da Globo foi a de não seguir a linha do tempo, e apresentar imagens do final do conflito sem nada dizer das horas de bombardeio que sofremos.
Tenho 68 anos e limitações de locomoção, e estava sentado quando eu e minha esposa, também com 68 anos, fomos atingidos por artefatos de gás lacrimogênio. Estávamos longe da barreira, com vários trabalhadores, professores universitários, profissionais da saúde, e até militantes das Pastorais da Igreja Católica.
Minha esposa foi levada por jovens manifestantes para longe, a fim de ser tratada dos efeitos do gás. Eu fiquei, inclusive porque peso mais de 100 quilos. Estava aplicando uma esponjinha molhada de vinagre para poder respirar, mas vi uma jovem tão apavorada que passei minha esponja para ela.
Levantei-me indignado e avancei contra os escudos da barreira, de cara limpa, com a camisa contra a PEC 37. Os PMs ficaram confusos, mas logo avançou um oficial superprotegido por escudos e asseclas que mal podia falar.
Foi logo dizendo que eu não podia fazer aquilo, mas respondi que estava no meu direito de manifestar-me sem armas. Ele alegou que eu podia ser atingido por pedras, mas nenhuma foi arremessada contra mim. As poucas que havia no chão eram pequenas, e nenhum risco causavam a seus escudos e coletes. Disse-lhe que dispensava sua proteção, pois quem tinha me agredido era ele, e não pedras. Ele voltou para sua linha de escudos.
Os jornalistas presentes logo me perguntaram se eu era promotor, e lhes disse que era juiz aposentado e meu nome. Até defendi o plebiscito proposto pela Presidenta Dilma.
O garboso oficial com seus escudos laterais saiu da linha de novo e disse que iria prender-me.
Disse-lhe que não podia fazer isso porque eu era um magistrado vitalício e não estava cometendo nenhum crime. Exibi-lhe minha carteira funcional, e ele disse que não ia me prender, mas que ia prender a um senhor militante do MST que tinha avançado para meu lado para proteger-me e estava usando a camisa do movimento.
Disse-lhe então que iria com ele, e na confusão o camponês correu e o garboso oficial não teve coragem de abandonar a linha para persegui-lo.
Dei-lhe as costas e voltei para a meninada, que já estava mais calma, mas então ele teve coragem de mandar disparar pelos menos cinco artefatos de gás nas minhas costas. Os meninos apagaram quatro deles em baldes de água, e um quinto me atingiu no meio das costas. Caiu no chão e chutei para o lado. É bom saber: nunca dê as costas para uma hiena.
Depois de voltar para a manifestação encontrei minha mulher, ficamos ainda algum tempo aguentando gás lançado contra nós sem motivo, em trajetórias de longo alcance e ainda deu tempo para sair com nosso carro e almoçarmos em um restaurante (o que tinha que fazer com urgência, pois já eram duas da tarde e sou diabético).
Só então tivemos notícias dos confrontos mostrados nas imagens da Globo, por celular.”
Sílvio Mota
Magistrado Federal
Fonte: Diário do Nordeste
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