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Dia a Dia com Maria: 80 anos da morte de Lampião

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Virgulino Ferreira da Silva, conhecido popularmente pelo apelido de Lampião, foi o principal e mais conhecido cangaceiro brasileiro. Nasceu na cidade de Serra Talhada (PE) em 7 de julho de 1898 e faleceu em Poço Redondo (SE) em 28 de julho de 1938. Era o terceiro filho de uma família de sete irmãos, ajudava os pais cuidando da terra e da criação, sabia ler e escrever.

Em 1915, portanto, aos 17 anos e depois que sua família foi acusada de ter roubado alguns animais da fazenda de seus vizinhos, a família Saturnino, ligada à oligarquia, o cangaço o atraiu. Nessa rixa entre famílias, os irmãos Ferreira mataram alguns gados do vizinho e foram perseguidos pela polícia. Na fuga, sua mãe não resistiu e a polícia matou seu pai. Virgulino encarregou um irmão de cuidar dos irmãos menores e, com os dois mais velhos passou a percorrer os estados nordestinos, fazendo justiça com as próprias mãos.

O primeiro ataque foi em 1922, em Alagoas, na casa da baronesa da cidade de Água Branca, onde levou todo o dinheiro que encontrou. O bando justiceiro invadia as fazendas, saqueava os comerciantes e distribuía com os mais pobres uma parte do que recolhia. Cinco estados faziam parte de suas andanças. Por onde passava, torturava e matava, deixando um rastro de destruição e crueldade.

No dia 1 de agosto de 1923, o bando sofreu sua primeira emboscada no município de Nazaré do Pico, em Pernambuco. O combate se deu na praça, com a ajuda dos civis nazarenos. Era o início da Força de Nazaré, a mais importante perseguidora de Lampião. Em 1926, estando em Juazeiro, no Ceará, Lampião é chamado para combater na Coluna Prestes e recebe a patente de capitão. Nessa época, visita o Padre Cícero.

Dois anos depois, Lampião atravessa o Rio São Francisco em direção a Sergipe e Bahia e tem o primeiro combate com as forças baianas. Em 1929, aos 31 anos, em suas andanças pela região chegou ao povoado de Malhado da Caiçara quando conheceu Maria Gomes de Oliveira, que tinha 19 anos e morava com os pais, depois que se separou do marido. Logo, Maria entrou para o cangaço e tornou-se a famosa companheira de Lampião. Com o nome de “Maria Bonita” tornou-se a primeira mulher a ingressar no cangaço. Em 1932 nasceu Maria Expedita de Oliveira Ferreira Nunes, a filha do casal.

Durante os anos de cangaço, Lampião zombou das polícias, do governo e das pessoas influentes. Escapava fácil das emboscadas, dos tiroteios e das armadilhas. Conseguia despistar os policiais, que ele chamava de macacos, usando várias estratégias. Uma delas era mandar o bando calçar as alpercatas ao contrário para deixar o rastro em direção oposta. Foi temido e amado.

Lampião criou roupas para si e para o bando, caprichava nos detalhes, usava medalhas, muitos anéis, correntes de ouro, chapéu de couro, alforjes bordados e punhais de prata. Lampião usava uma roupa semelhante a dos batalhões militares e óculos que o caracterizou. Sua primeira fotografia é datada de 1926. Seu apelido, dizem que surgiu da cor do cano de seu rifle, que ficava em brasa depois de vários tiros, parecendo um lampião.

Na madrugada de 28 de julho de 1938, aos 40 anos, na Grota de Angico, no povoado de Poço Redondo, em Sergipe, Lampião e seu bando, foram surpreendidos com rajadas de metralhadoras. Minutos depois, morria Lampião, Maria Bonita e mais 9 cangaceiros. O ataque comandado pelo tenente João Bezerra conseguiu, o que a polícia do Nordeste perseguia havia muito tempo. Suas cabeças foram decapitadas, mumificadas e expostas em Santana do Ipanema, Alagoas. Depois foram levadas para o Museu Nina Rodrigues, na Bahia, até serem enterradas em 1968.

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