Capitão da PM é preso por agredir idoso em Fortaleza; militar já é investigado por tortura

Um capitão licenciado da Polícia Militar do Ceará foi preso em flagrante após agredir um idoso de 70 anos na Avenida Monsenhor Tabosa, na Praia de Iracema, em Fortaleza, na tarde desta terça-feira (6). O militar, que estava à paisana no momento do fato, é investigado em processos por tortura, peculato, entre outros.

Testemunhas que estavam no local registraram o momento em que policiais militares, que foram acionados por populares, tentavam conter o capitão. As imagens mostram o militar gritando com os agentes, pedindo para usarem “a força” e mandado “retirar a mão” dele. O nome do policial não foi divulgado pela PM nem pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).

O idoso foi socorrido com ferimentos na cabeça e levado, por uma ambulância do Samu, para o Hospital Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro. Ele estava consciente.

De acordo com a Polícia Militar, o agente envolvido no caso é um capitão licenciado da corporação. Após ser detido, ele foi conduzido por policiais militares à Delegacia de Assuntos Internos (DAI), vinculada à CGD, “por suspeita de ter se envolvido numa ocorrência com um idoso”. O caso está sendo analisado pela DAI.

Ainda segundo a PMCE, “os detalhes circunstanciais e a motivação dos fatos serão apurados pelos órgãos competentes”.

A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), por meio da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), autuou em flagrante o capitão por lesão corporal de natureza grave (Art. 129, parágrafo 1º, do Código Penal).

Segundo a CGD, outras diligências estão em andamento no momento com o objetivo de esclarecer os fatos. O militar encontra-se no presídio militar e à disposição da Justiça.

A CGD afirma que, além das providências adotadas, determinou a instauração do “competente procedimento disciplinar, para devida apuração na seara administrativa”.

Esbarrão motivou desentendimento

Conforme uma testemunha, que ajudou a socorrer a vítima, o desentendimento do militar com o idoso foi causado por um esbarrão quando os dois caminhavam na avenida. “Ele ia passando na hora e foi tipo uma batida de ombro entre os dois. O idoso só pegou na camisa dele para se afastar. Aí ele (capitão) disse que na camisa de militar ninguém puxa e era capaz do idoso levar um tiro”, afirma.

O homem, que terá a identidade preservada, afirma que depois de gritar com o idoso, o militar iniciou as agressões. “Foi muito murro. Ele (capitão) deu um murro no ‘pau’ da ‘venta’ dele (idoso), que derrubou no chão. Ficou tacando a cabeça dele no fio de pedra, que ficou um buraco descendo sangue grosso, parece que ele estava tendo uma hemorragia. Deu vários chutes, que quebrou a costela do senhor, que não estava nem conseguindo ser levado na ambulância e ficou revirando os olhos como se quisesse apagar”, relembra.

Segundo a testemunha, após agredir o idoso, o militar tentou pegar um táxi e acusou a vítima de roubo. “Ele correu para perto de um taxista dizendo que o idoso queria roubar ele, só que a gente não deixou ele fugir. Ele estava fora de si, porque para fazer uma coisa daquela com um homem daquela idade, ele não pensou nem no pai que ele tem”.

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Militar tentou fugir

Ele agrediu o idoso com chutes e pontapés, tacou a cabeça dele em um meio fio de pedra e deu vários chutes na costela dele, que fraturou. Aí ele correu para perto de um taxista dizendo que o idoso queria roubar ele. Só que a gente não deixou ele fugir, que um homem com mais de 70 anos jamais iria assaltar um homem daquela grossura, que é um homem treinado. Ele estava fora de si, porque para fazer uma coisa daquela com um homem daquela idade, ele não pensou nem no pai que ele tem.

Nesse momento, segundo o homem, a polícia chegou ao local e tentou conter o policial autor das agressões, porém o homem resistiu. “Ele bateu nas mãos dos policiais, dizendo que era capitão, ‘eu sou o pai de vocês’, ‘sou autoridade maior’”, disse.

Fonte: G1 CE