Automobilismo

‘Armadilhas’ das ruas exigem atenção máxima do motociclista

Muita gente está familiarizada com a rotina por trás do para-brisa de um carro, e o G1 pediu que eu escrevesse sobre como é a vida por trás do capacete de um motociclista.

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Muita gente está familiarizada com a rotina por trás do para-brisa de um carro, e o G1 pediu que eu escrevesse sobre como é a vida por trás do capacete de um motociclista.

Parte dela é a já conhecida interação, nem sempre cordial, para dizer o mínimo, com os motoristas: reclamações por parte deles para as constantes buzinas (pelo menos em São Paulo), as motos que “surgem do nada”, retrovisores arrancados, vidros que fecham de repente quando a moto fica emparelhada com o carro, etc.

Do lado dos motociclistas, as queixas contra os veículos que mudam de faixa sem dar seta ou na hora em que a moto vai passar, que dão fechadas, e por aí vai…

Mas quem está sobre a moto acaba convivendo com situações que os que estão fechados no carro nem percebem. Entre elas estão os “quase” OVNIS. Objetos voadores, mas que costumam ser bem identificáveis: bitucas de cigarro atiradas pelos motoristas de dentro dos veículos e até pelos pedestres nas calçadas, pedras que saem do asfalto, objetos que se desprendem das caçambas.

O que sai dos veículos impressiona: além de bituca tem copinho plástico, embalagem de batatinha frita, lata de cerveja, garrafinha pet… voa de tudo pelas janelas, e a toda hora. Tal imprevisto, fruto de falta de educação, desconsideração, irresponsabilidade e inconsequência – chamem como quiserem – é componente infeliz do dia a dia de qualquer motociclista.

Na maioria das vezes o objeto voador é driblado pelo motociclista com manobras arriscadas, às custas da habilidade e sorte. Porém, “matar no peito” as cinzas de um cigarro ou uma bituca acesa é algo inadequadamente muito comum no trânsito brasileiro, e obviamente perigoso.

Sobe-e-desce no asfalto

Outra armadilha cada vez mais comum no dia a dia dos usuários de motos vem de consertos realizados nas ruas e estradas, ou na preparação para o recapeamento.

Os resíduos resultantes de remendos no asfalto ou da retirada da camada asfáltica antiga, técnica também conhecida por fresagem, são inimigos letais da motocicleta. A operação de conserto ou renovação da pavimentação tem bom propósito, mas raramente é acompanhada de necessárias medidas de segurança, tais como sinalização preventiva advertindo sobre a mudança do piso logo à frente e a limpeza durante o período de realização do serviço, por meio de uma simples varrição.

Se até um carro com quatro pontos de apoio no solo tem a dirigibilidade afetada ao rodar em asfalto recém-fresado e sujo, para uma moto, com sua já naturalmente pequena área de contato dos pneus com o chão, a situação torna-se crítica.

A falta de aderência causada pelo pedrisco e a poeira decorrentes da fresagem, associadas aos sulcos irregulares em sentido longitudinal, são uma prova de fogo para a habilidade de qualquer motociclista. E, se houver alguém rodando imediatamente à frente da moto, acrescente o arremesso do pedrisco e pó de asfalto pelos pneus de tal veículo. E como tudo sempre pode piorar mais um pouco, além de fresado e sujo, o asfalto pode estar molhado. Que trabalhão para o anjo da guarda, hein?

Nesta semana ocorreu um caso extremo, de uma moto “engolida” por uma cratera aberta depois que o asfalto cedeu, em rua de Ribeirão Preto (SP). O motociclista teve escoriações nas mãos e no rosto.

Pneu e óleo na pista

Neste malvado “cardápio” de terrores e sujidades que aterrorizam o motociclista, há ainda uma espécie de “prato do dia”, aliás, de todos os dias: o pedaço de pneu dechapado de ônibus ou caminhões, verdadeiro clássico da “culinária” de nossas vias expressas de grandes centros e rodovias, inimigo cruel da segurança do motociclista.

Sua apresentação é variada, e tanto pode comparecer em versão “projétil”, quando se desprende improvisamente da banda de rodagem de velhos pneus recauchutados, ou em versão “obstáculo”, esparramado no meio da pista. Pedaço grande, pedaço pequeno, pouco importa.

Outro ingrediente frequente de nossas ruas é o óleo diesel derramado por caminhões e ônibus abastecidos de maneira descuidada. Especialmente em rodovias sinuosas, os quilômetros que sucedem ou antecedem postos de combustível são zonas de altíssimo risco por conta desse criminoso desperdício, que agride não apenas a segurança de todos os motoristas, mas também o meio ambiente.

Como conduzir a moto

Qualquer motociclista experiente sabe o perigo que representa rodar atrás de outro veículo sem manter uma distância de segurança considerável. Os riscos são variados, sendo o mais óbvio a impossibilidade de, em caso de desaceleração abrupta, evitar a colisão.

Porém, já que o tema aqui são as “armadilhas” da pista, vale lembrar que em situações em que é obrigatório reduzir a distância, como, por exemplo, em uma ultrapassagem, a motocicleta deve preferencialmente se posicionar no rastro dos pneus de quem vai à frente.

Trata-se de algo bastante óbvio uma vez que, se houver algo no leito da via, invariavelmente o carro, caminhão ou ônibus evitará o atropelamento do objeto, por vezes deixando-o passar por baixo do veículo. E, caso o motociclista esteja colado no meio do para-choque, sobrará o inevitável…

Também uma efetiva medida de segurança é tentar identificar um potencial risco, avaliando o tipo do veículo que roda à frente. Caminhões basculantes ou que carreguem caçambas de entulho podem, a todo momento, imprevistamente, deixar cair pequenos ou grandes “problemas”. Basta que passem em uma irregularidade do asfalto que a carga pode vir de encontro ao desavisado veículo que vem atrás.

Fonte: G1

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