Americando

Americando: Nosso pão nosso de cada dia

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“Trogloditas, traficantes, neonazistas, farsantes: barbárie, devastação
O rinoceronte é mais decente do que essa gente demente do Ocidente tão cristão” (Bahiuno, Belchior).

E aí? Pois é…. lindo o amanhecer… nossa vida hipócrita nem tanto… Um moderado… que faz às vezes de tradicional defende os bons costumes… ok…, você na sua visão psicológica, na sua cosmovisão… não está equivocado, porém, no entanto, todavia, contudo, entretanto como diria meu grande professor Sérgio Bertoldo, o melhor gramatiqueiro de Iguatu, desculpa Dux Evertus, Zé Roberto e Carlos Alberto, grandes também, verdadeiros mestres na arte de ler, escrever e falar bem; voltando… ao moderado… não está errado…, mas Octávio Paz nos diz que a modernidade é uma tradição… Belchior nos diz que ” O novo sempre vem….”. A política, a religião, o futebol, o sexo, a música, a emoção… muitas coisas nos fazem sentir algo…

Todos os seres humanos possuem sentimentos … temos desejos… tudo isso parte de uma condição de ausência… nesse estado de coisas produzimos o símbolo… Rubem Alves nos diz isso em ” O que é Religião? “, recomendo, é um bom estudo, ótima análise.

Nós temos um desejo por algo… a imortalidade, o desejo de permanecer, garantir-se, estabelecer-se, é fato. Temos essa necessidade depois do ventre… não vou falar em Freud … falando… ok? Então… o desejo existe pela ausência… ausência de algo… lógico, e esta faz com que criemos os símbolos. Desejo, ausência e símbolo, eis o tripé de nossa condição…

Não ignoremos as ilusões do outro, pois elas são tão importantes como as nossas… A distopia é um fato e vivemos uma época em que considerável parte dos jovens não possuem filtro… muitos adultos e idosos também… O consumo nos consome e vivemos a trabalhar a semana toda e ir ao supermercado nos fins de semana. Tempos complicados, temerosos e sem lógica racional em meio à falta de caridade com o outro. Creio que a literatura nos humaniza… o que estamos a viver no presente instante já foi escrito, há um paralelo deste estado de coisas em algum escrito na humanidade… nós sabemos disso… Fico a imaginar se não fosse a literatura, a arte, o cinema e a música nestes tempos caóticos, o que seria de nós?

Deus é o padeiro universal, nos deu a natureza, mas nós geralmente pisamos no pão sagrado… destruímos biomas, animais, queimamos as florestas em prol do lucro… essa conta um dia chegará… ou o corona já é uma das prestações? O “bom” disso tudo é que a roda do sistema econômico em voga não para… parece que o mal se banalizou, a morte não mais importa e em meio a uma possível extinção da espécie o sistema segue sua lógica objetiva por lucro incansavelmente…

A política ferve, a religião lucra, o futebol segue, mais vidas chegam a este mundo e a música com tom apocalíptico soa suas primeiras notas… e nós, meros humanos em nossas idiossincrasias, sentimos… sentimos o viver, a vida, o espírito do tempo… sentimos a dor, a ausência, a barbárie, a vida que caminha para morte mesmo pensando em viver…, mas sentimos também esperança, alegria, dançamos, rimos e sonhamos… a despeito do teatro de horrores daquilo que chamamos civilização…

Por Américo Neto.
Contato : zeamericoneto@hotmail.com

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