Coluna: Dia-a-dia com Maria

Degradação Ambiental

A menos de um mês, precisamente no dia 5 de junho, a humanidade há de comemorar mais um Dia Mundial do Meio Ambiente, instituído em 1972, durante conferência das Nações Unidas sobre o tema, evento realizado em Estocolmo, cujo objetivo era o de levar o mundo a discutir a questão ambiental e a preservação dos recursos naturais, muitos deles à beira do colapso total.

A degradação ambiental é uma das principais preocupações do novo século, resultando em vários problemas como mudanças climáticas, aquecimento global, extinção de espécies vegetais e animais entre outros fenômenos.

Nos últimos dois anos, sobretudo, o Brasil vem, na literalidade da palavra, saqueando as matas, sobretudo Atlântica e Amazônica, inclusive, em 2009 foram realizadas investigações feitas pelo Greenpeace e pelo Ministério Público Federal e escancararam ao mundo o papel do gado na destruição da biodiversidade amazônica. Grandes redes de varejo e famosas multinacionais foram expostas mundialmente por comprarem carne e couro produzidos na região às custas da floresta. O constrangimento internacional foi determinante: o setor privado teve que se mexer.

Após dez anos, a cadeia de produção de carne na Amazônia ignora acordos e, apoiada nas novas políticas, reduz “ambição” no combate ao desmatamento e saiba, leitor, que nenhum supermercado no Brasil pode garantir que 100% de sua carne bovina é produzida sem crimes sociais e ambientais, sendo o principal motor de desmatamento da Amazônia, a cadeia produtiva da pecuária teve uma grande oportunidade de melhorar suas práticas há mais de dez anos. Os esforços, porém, continuam pouco ambiciosos.

Em 2019 o desmatamento cresceu de forma alarmante, em 85% do normal e, segundo dados do Inpe, a área desmatada chegou a 9.165,6 quilômetros quadrados só no ano passado. Essa foi a maior devastação no bioma registrada nos últimos cinco anos.

Por outra banda, a Mata Atlântica, que ocupava 1,3 milhão de km2 à época do descobrimento, está reduzida a menos de 12,5% do que restou, fazendo parelha com a supracitada devastação amazônica que, se não for contida, talvez poucas sejam as espécies que sobrem para indicar o local onde um dia existiu uma selva poderosa.

O impacto, no entanto, não estanca apenas no desmatamento criminoso propriamente dito, conta-se também com a destruição da biodiversidade e o tráfico de animais silvestres que enumeram os danos.

No ano passado, além da destruição sistemática de madeireiros, houve os focos de incêndio sem nenhum interesse manifesto do governo em proteger o ecossistema, enviando autoridades representativas do setor para avaliar os estragos e implantar medidas de combate.

O mais desalentador no caso das queimadas ocorridas é que estudiosos constataram não haver fogo natural na Amazônia e as evidências eram nítidas de que havia pessoas agindo nessas queimadas que só buscaram aplacar com a intervenção da mídia e da opinião internacional, seguida peça ameaça de boicotes na compra de produtos brasileiros, como a carne bovina.

Atualmente, o que predomina são os boicotes à ação intervencionista de proteção, gradualmente negligenciadas e coibidas, prova disso foram as demissões que se registraram nas últimas semanas de autoridades do IBAMA.

A política ambiental atual está em mãos duvidosas, haja vista que o crescimento da devastação tem se acelerado de forma gigante, ou o Brasil desacelera a devastação ou seremos um exemplo de assolação e referência ao desrespeito pela vida em sua mais sagrada integralidade.

*Por Maria Lopes, colunista e advogada.