Artigo
Entre Olhares: Diversidade
Na semana que se passou foi realizado um evento que simpaticamente nomeamos de CHÁ DA VOVÓ. Tratou-se de uma oportunidade criada por nós que fazemos o ABASSÁ AXÉ OGUM ONIRÊ para convidarmos diversas pessoas para conhecer uma amostra do nosso dia a dia dentro do nosso terreiro. De ante mão quero aqui deixar o registro dos meus mais sinceros agradecimentos a todos aqueles e aquelas que muito gentilmente acolheram o nosso chamado. Tratou-se de uma oportunidade ímpar e singular que nos provou de maneira inconteste que é possível e podemos sim vivenciar e viver plenamente numa sociedade pautada no respeito à DIVERSIDADE.
Foi incrível e maravilhoso vivenciarmos na prática aquele momento de convivência onde se encontraram reunidos, sentados à mesma mesa e no mesmo nível de igualdade pretos, “brancos”, Ocidentais, Orientais, homo, hétero, pobres, ricos, humildes, esnobes, confiantes, desconfiantes, pedreiros, empreiteiros, analfabetos, graduados, pós graduados, homens, mulheres, empregados, desempregados, profissionais liberais, respeitosos, desrespeitosos, jovens, idosos, aposentados, “poderosos”, outros com nem tanto “poder”. Em fim, TODOS, literalmente, se refastelaram do mesmo banquete, na mesma cerimônia, sem qualquer distinção e/ou reserva.
Para nós que fazemos o dia a dia do nosso Abassá foi um momento de incomensurável riqueza e profunda satisfação perceber no semblante, nos olhares e nos comentários paralelos dos participantes um ar de encantamento e de perplexidade diante das nossas práticas culturais e das nossas tradições relativas aos nossos ancestrais e a nossa ancestralidade. Certamente, conseguimos desmistificar para aqueles pessoas o que verdadeiramente é e o que verdadeiramente acontece nos cultos das chamadas Religiões de Matriz Africana. É óbvio que somente um primeiro momento ainda não é suficiente para remover a resistência dos corações mais céticos.
Mas temos a confiança que este primeiro passo poderá ser o início de uma longa caminhada em prol de desconstruir fobias, preconceitos, racismos, intolerâncias e estereótipos relacionados à condição do NEGRO, da sua cultura, dos seus costumes, da sua religiosidade, da sua ancestralidade e da sua condição de SER HUMANO. Estamos nós do Abassá convencidos de que o nosso Terreiro, a partir daquele momento, se transformou num instrumento pedagógico que prestará insofismável contribuição para a construção de uma cultura de paz e tolerância na sociedade de Iguatu, desfazendo mitos e promovendo a felicidade mútua.
É com urgência urgentíssima que precisamos entender que as supostas “diferenças” entre nós que foram incutidas em nossas cabeças, nada mais se trata do que falsas convicções ideológicas de uma cultura dominante e, de dominação, subordinação e sujeição perpetradas pelo Colonialismo e pelo Imperialismo, ambos perversos e destruidores, que ceifaram a nossa autoestima, negaram a nossa condição humana, transformaram-nos em meros objetos do desejo e mercadorias com valor de troca, que apenas serviam para saciar a sua inesgotável fome de acumulação capitalista.
Essa impiedosa e implacável lavagem cerebral nos fez acreditar e ter a convicção que não somos iguais e, por tanto, não podemos nos unir. Travestidos de Classe Social, Nível de Escolaridade e Consumidor de Alto Nível, acabamos por nos considerar melhores e superiores do que aqueles que foram impedidos de gozar dos mesmos benefícios. O antropocentrismo eurocêntrico e suas ideologias teológicas dominantes e dominadoras nos convenceram que a cultura e as crenças religiosas nativas, não passam de coisas aborígenes, misticismo selvagem e sem valor algum. Por conta disso, sentimo-nos no Direito Adquirido de escravizar e de discriminar, sob o jugo da COR.
Ouçamos o clamor de Charle Chaplim: “UNÍ-VOS!!!!!!!!!!”. Tomaimos consciência de que todo e qualquer argumento em prol da diferença é mentiroso. Trata-se apenas de uma armadilha para desunir, enfraquecer, explorar e expropriar. O dom divino é um só: VIDA. Trata-se de uma energia, um sopro, mas que anima qualquer matéria! Desprezá-la, discriminá-la, querer distingui-la através de cores, odores ou qualquer outro artifício é uma afronta e total desrespeito ao único responsável pela sua criação: DEUS, OLODÙMARÈ, ORÙMILÀ, OBÀTALÀ, ZAMBI ou qualquer outra expressão linguística que você por ventura queira usar…
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