Viúvo cearense de 92 anos aprende a costurar panos de prato sozinho para lembrar da esposa

“Não sou eu que costuro, é ela”, diz Manuel Vieira da Costa enquanto observa os panos de prato que acabou de concluir. Com 92 anos de idade, ele aprendeu o ofício por conta própria quando sua esposa faleceu em 2021, vítima da Covid-19. Desde então, encontrou consolo nas linhas e agulhas para honrar um legado de amor e manter viva a memória da pessoa amada.

Em cada pedaço de pano, Manuel encontra um pedaço de Joana Costa. Ele produz panos de prato diariamente. Assim que o sol surge na casa de número 26, localizada no Passaré, o senhor Néo, como é carinhosamente chamado, se senta diante da máquina de costura e começa seu trabalho. Entre sorrisos e lágrimas – ocasionalmente, ele chora de saudade – suas mãos, marcadas pelo tempo, deslizam sobre o tecido, encontrando força para continuar.

O resultado é uma coleção de centenas e centenas de panos de prato, armazenados tanto para venda em sua própria casa quanto nas cozinhas das pessoas que já adquiriram seus produtos. A clientela já ultrapassou os limites da família. Através de um perfil criado nas redes sociais, seus paninhos chegam até a outros países, conquistando um público cada vez maior.

“Minha esposa fazia esses panos de prato por prazer e apenas para vender para a família. Eu olhava e pensava: ‘Isso não é para mim’. E ela me respondia: ‘É para você, meu querido’. Quando ela faleceu, eu ficava apenas chorando nos cantos, sem saber o que fazer da minha vida. Então Deus tocou meu coração para que eu acordasse. Ouvi uma voz dizendo: ‘Vá fazer os paninhos de prato que sua esposa fazia’. Eu não sabia costurar. Hoje em dia, eu faço tudo”, conta ele com clareza e emoção.

Apesar de seus 92 anos, o senhor Néo é incansável. Ele acorda cedo para começar suas atividades e só para durante o almoço. Após um breve descanso após a refeição, ele continua a trabalhar até terminar suas tarefas. Com criatividade, ele se dedica a cada etapa do processo, desde cortar o tecido até o acabamento. Se a estampa for predominantemente vermelha, por exemplo, as bordas do pano também serão da mesma cor. Tudo isso para celebrar o amor na cozinha e o prazer das donas de casa.