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Vírus que rouba dados bancários ataca o Brasil
A Eset, empresa de detecção proativa de ameaças, identificou o Guildma, um poderoso trojan bancário também conhecido como Astaroth, bastante prevalente na América Latina. Esse trojan voltado para o Brasil, desenvolvido em Delphi, possui algumas técnicas inovadoras de execução e ataque. Essa é sua maior campanha até o momento.
O Guildma é um trojan bancário da América Latina que tem como alvo o Brasil. A Eset acredita que esse é o mais impactante e avançado trojan bancário na região. Além de ter instituições financeiras como alvo, o Guildma também tenta roubar credenciais por meio de e-mails, compras online e serviços de streaming, e afeta pelo menos 10 vezes mais vítimas do que outros trojans bancários existentes na América Latina. Ele usa métodos inovadores de execução e técnicas sofisticadas de ataque.
Diferentemente de outros trojans bancários que surgiram na América Latina, o Guildma não armazena as janelas pop-up falsas que usa dentro do código binário. Em vez disso, o ataque é orquestrado pelos seus servidores de C&C (Comando e Controle). Isso dá ao autor uma ótima flexibilidade para reagir a medidas implementadas pelos bancos-alvos.
O Guildma implementa as seguintes funcionalidades de backdoor:
• Faz captura de tela
• Captura as teclas pressionadas
• Emula teclado e mouse
• Bloqueia atalhos e também desabilita o Alt + F4 para dificultar sair de janelas falsas que ele mostra
• Faz download e executa arquivos
• Reinicia a máquina
Como ele se espalha
A Eset descobriu que o Guildma se espalha exclusivamente por spam com anexos maliciosos. Abaixo, dois exemplos de uma campanha de meados de novembro de 2019.
Uma das características que definem o Guildma é a disseminação de correntes usando ferramentas já presentes no sistema, frequentemente de maneiras novas e incomuns. Outra característica é a reutilização de técnicas usadas em versões anteriores.
Detecções
As campanhas aumentaram vagarosamente até o surgimento de um ataque massivo, em agosto de 2019, quando a Eset identificou mais de 50 mil amostras por dia. Essa campanha ficou ativa por quase dois meses e contabilizou mais que o dobro de detecções que tínhamos visto nos 10 meses anteriores.
Histórico da versão
Aparentemente, o Guildma tem passado por muitas versões durante sua trajetória, mas geralmente ha muito pouco desenvolvimento entre elas – devido à sua arquitetura desajeitada, que utiliza valores de configuração codificados, na maioria dos casos os autores precisam recompilar todos os códigos binários para cada nova campanha. Um trabalho que claramente não é completamente automatizado, já que muitas vezes houve um atraso significativo entre atualização do número da versão nos scripts e os binários.
A versão analisada pela Eset é a de número 150, mas desde que a pesquisa começou, outras duas versões foram lançadas. Elas não contêm mudanças significativas na funcionalidade ou distribuição, apoiando nossas reivindicações sobre o ciclo de desenvolvimento do Guildma.
Similaridades com outros ataques
Esse ataque usa as mídias sociais para se distribuir. Ele abusa dos perfis do YouTube e do Facebook. Entretanto, os autores pararam de usar o Facebook quase que imediatamente e, na época dessa pesquisa, os criminosos estavam focados no YouTube. O caso é parecido com o Casbaneiro, mas um pouco mais cru. Enquanto o Casbaneiro estava escondendo os dados em descrições de vídeos e ocultando-os como parte da URL, o Guildma simplesmente coloca os dados na descrição do canal. O início e o fim da encriptação de endereços C&C é delimitado por “|||”. Os dados intermediários são codificados em base64 e criptografados usando o algoritmo Mispadu de criptografia em cadeia. Esse é o principal método de recuperação de servidores de C&C, o método mais antigo (descrito pela Avast) ainda está presente como um backup.
Conclusão
O Guildma mais uma vez compartilha das características predominantes dos trojans bancários da América Latina. Ele é escrito em Delphi, tem a região como alvo, implementa funcionalidades backdoor, divide suas funcionalidades em diferentes módulos e abusa de ferramentas legítimas.
O Guildma também compartilha interessantes características comuns às famílias descritas anteriormente. Ou seja, seu atual algoritmo de criptografia combina os usados por Casbaneiro e Mispadu.
Fonte: Diário do Nordeste
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