Brasil
Vice dos EUA busca retomar diálogo
Joe Biden reuniu-se com a presidente Dilma Rousseff e reiterou que programa de monitora- mento será revisto
Joe Biden reuniu-se com a presidente Dilma Rousseff e reiterou que programa de monitora- mento será revisto
Brasília. Num aceno para normalizar as relações após o escândalo de espionagem praticado pela Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês) americana, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reuniu, ontem, com a presidente Dilma Rousseff (PT) e reiterou pessoalmente que o programa de monitoramento será revisto.
Biden teve uma audiência privada com Dilma por cerca de uma hora e deixou o Palácio do Planalto afirmando que os dois países empreendem um “esforço comum” na garantia da segurança da internet e elogiando a liderança brasileira na governança da rede. “A internet não é uma ferramenta de repressão do Estado, ela pertence ao povo do mundo”, declarou o americano.
Escândalo
Em meados do ano passado, documentos vazados pelo ex-analista da NSA Edward Snowden revelaram que os EUA interceptaram comunicações de cidadãos e de empresas brasileiras, incluindo ministros e a própria presidente Dilma. O fato causou tamanho mal-estar entre os dois países que Dilma decidiu cancelar uma visita de Estado a Washington que estava planejada para outubro de 2013.
O Brasil também reagiu às denúncias tentando adotar um papel de protagonista no debate internacional sobre a proteção de dados na web. A aprovação do Marco Civil da Internet – considerado a Constituição da Internet e que garante direitos aos usuários – ganhou especial apoio do Palácio do Planalto após os vazamentos de Snowden e o governo brasileiro apresentou resolução na Organização das Nações Unidas conclamando as nações a revisar procedimentos no que tange à vigilância das comunicações e interceptação de informações pessoais. A resolução – que também teve autoria da Alemanha – foi aprovada pela Assembleia Geral.
Monitoramento
Tentando reatar os laços ontem, Biden disse a Dilma que o presidente Barack Obama ordenou em janeiro uma revisão do programa de monitoramento, incluindo a extensão para cidadãos de países amigos as mesmas proteções de privacidade previstas aos americanos pela constituição do país.
“Eu sei que é uma questão que importa muito para as pessoas daqui mas, francamente, também importa ao povo dos Estados Unidos”, declarou Biden, que classificou de “franca e sincera” a conversa com Dilma sobre a questão. A diplomacia americana pressionava para que, ao final da reunião, houvesse uma declaração conjunta à imprensa de autoridades dos dois países. Ao final, Biden sozinho deu uma rápido relato na embaixada americana sobre a conversa.
Já diplomatas brasileiros consideraram um erro Dilma ter aceitado uma audiência privada com Biden, uma vez que ele não tem status equivalente de chefe de estado. Para fontes do governo, as explicações apresentadas pelo governo americano para o caso da interceptação de mensagens não foram suficientes até o momento e o melhor teria sido uma reunião apenas com Michel Temer, o vice de Dilma. Ou ao menos Dilma recebê-lo na presença de ministros e assessores, o que ajudaria a passar uma imagem de distanciamento.
Fonte: Diário do Nordeste
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