Iguatu
Veículos apreendidos pela Polícia se acumulam ao lado de delegacias do interior
Cidades cearenses ganharam modernas delegacias de Polícia Civil, com fachadas bonitas, mas ao lado dessas unidades carros e motos apreendidos formam um verdadeiro depósito de veículos que se estragam com a ação do sol e da chuva. Esse mesmo problema se repete nas sedes dos Detran no interior cearense, com carros e motos amontoados ao lado das pistas de prova de habilitação.
Para servidores, a existência desses veículos em depósitos abertos, lotados, cheios de mato, constitui “um problema e um calo para a Polícia Civil”.
Encontramos um exemplo em Iguatu, na região Centro-Sul cearense. Ao lado da delegacia regional de Polícia Civil estão dezenas de carros e motos. O espaço já está lotado. Entre agosto a dezembro – quando o mato seca, o risco de incêndio aumenta e não foi por menos que já ocorreram.
“Já tivemos dois incêndios que destruíram cerca de oito veículos. Não sabemos o que fazer com esses carros e motos”. Marcos Sandro de Lira, Delegado regional de Polícia Civil de Iguatu.
Marcos Sandro de Lira contou que já tentou um convênio com a Prefeitura de Iguatu para retirada dos veículos e colocação em outro depósito cedido pelo município, mas a ideia não avançou.
Em Quixadá, o depósito fica localizado a 4km do centro urbano e ficou abandonado depois da construção da nova delegacia de Polícia Civil. Resultado: já houve furtos de peças e até de veículos.
Só há depósitos próprios do governo do Estado nas cidades de Sobral, Juazeiro do Norte e em Fortaleza.
Os veículos apreendidos pela Polícia Civil decorrem de envolvimentos em crimes – acidentes, adulteração, condução de drogas, clonagem, lavagem de dinheiro – e após conclusão de inquérito policial ficam à disposição da Justiça, que não recebe mais essas unidades. É preciso, portanto, aguardar o julgamento dos processos e a decisão judicial, que não há prazo.
Com o decorrer dos dias, os depósitos vão ficando lotados e apresentam além do aspecto do impacto estético da cena urbana, o risco de acumularem água e propiciar focos de insetos, como o mosquito que transmite a dengue.
O delegado Marcos Sandro pontuou que “infelizmente a existência desses depósitos é uma realidade da maioria das delegacias do interior, que atrapalham o desenvolvimento dos nossos serviços, pois a área precisa de constante vigilância e manutenção”.
DETRAN
O Diário do Nordeste solicitou há dois dias esclarecimentos à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, à Casa Civil do Governo do Estado e ao Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran), que foi o único órgão que enviou até o fechamento dessa edição nota explicativa.
Segundo o Detran, “os veículos removidos em operações de fiscalização, por estarem em situação irregular, são encaminhados para seus depósitos e aqueles que não são resgatados pelos seus respectivos donos são encaminhados para leilões, após prazo de 60 dias”.
O órgão informou que “todas as medidas sanitárias e necessárias para prevenir o acumulo de água são feitas em períodos de chuva, assim como realiza o monitoramento de cada veículo para resguardar o seu devido estado, mantendo toda a sua estrutura e característica para o resgate do proprietário ou encaminhamento para leilão”.
A nota esclarece ainda que “em casos de veículos envolvidos em operações policiais, é necessário que a própria polícia faça os procedimentos necessários da ocorrência e depois entre em contato com o Detran para solicitar a remoção do veículo”.
Fonte: Diário do Nordeste
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