O Ceará deverá iniciar, ainda em 2022, um tratamento revolucionário que consiste em modificar células doentes fora do corpo para, em seguida, reinseri-las no paciente em tratamento contra o câncer. O recurso terapêutico foi divulgado pela Universidade Federal do Ceará (UFC). As doenças que poderão ser tratadas por meio do novo tratamento são o linfoma, a leucemia linfóide aguda e o mieloma múltiplo.
Um equipamento de última geração que permite o chamado Projeto de Terapia Celular já foi adquirido pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) e será utilizado em parceria com o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), da UFC.
“O projeto oferece um novo tratamento a pessoas que não têm mais alternativas de recuperação por meio de quimioterapia ou transplante de medula”, comenta o professor Fernando Barroso, da Faculdade de Medicina. Ele é também o coordenador do Centro de Processamento Celular do Hemoce, unidade que será responsável por desenvolver o tratamento.
“É uma terapêutica nova e revolucionária. Ela já está estabelecida na Europa e nos Estados Unidos, mas no Brasil está iniciando agora”, explica o professor, acrescentando que a primeira terapia do tipo foi realizada em Ribeirão Preto, em São Paulo, há dois anos.
“O Brasil está começando a desenvolver esses centros agora, e estamos entrando no início desse processo”, complementa Barroso.
Nos últimos cinco anos, o Prof. Fernando Barroso dedicou-se a esse tratamento, tendo realizado treinamentos nos Estados Unidos e na Europa. Em 2017, submeteu o projeto do CAR-T Cell ao Conselho de Ética e agora o projeto começa a ser iniciado. “Este tratamento é um grande avanço. É um projeto inovador e de grande ajuda para salvar vidas. Estou muito feliz, pois este é um grande ganho para o Ceará e para o Brasil”, comemora o professor.
Como funciona o tratamento
A nova terapia é denominada CAR-T Cell, e age em alvos específicos, usando células do paciente e não medicamentos sintéticos. O procedimento consiste em extrair do paciente as células de defesa – no caso, os linfócitos do tipo T– e moldá-las em laboratório. Esses linfócitos são os responsáveis por comandar a resposta do corpo aos vírus e ao câncer, mas eles podem perder a capacidade de “enxergar” células específicas da doença e destruí-las.
Fonte: G1 CE