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Ser impiedoso realmente ajuda a vencer na vida?

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Don Draper, em Mad Men. Gordon Gekko, em Wall Street. Miranda Priestly, em O Diabo Veste Prada. O sucesso muitas vezes é associado àquela pessoa sem coração que tripudia sobre os sentimentos dos outros para conseguir fama e fortuna.

No entanto, há mais de uma maneira de ser malvado. Recentemente, psicólogos identificaram três características que podem descrever as pessoas mais cruéis: o maquiavelismo, caracterizado pela manipulação cínica; o narcisismo, que determina o quanto uma pessoa é autocentrada; e a psicopatia, uma combinação entre a impulsividade arriscada e a insensibilidade.

De vez em quando, todas as partes dessa “tríade do mal” convergem em uma só pessoa, tornando-a vaidosa, manipuladora e insensível. Mas muitas vezes, apresentamos mais um aspecto do que os outros.

Mas para vencer na vida, será que importa o “tipo” de malvado?

CEOs sempre malvados?
No passado, estudos científicos sugeriram que a psicopatia é ligeiramente mais comum entre CEOs bem-sucedidos do que no resto da população. A justificativa é que um comportamento frio, impiedoso e até arriscado seria necessário no ambiente de trabalho. Mas ainda não se sabe como os outros tipos de personalidade sombria funcionam nesse contexto.

Daniel Spurk, psicólogo na Universidade de Berna, na Suíça, tentou responder essas dúvidas com um estudo que comparou as três características em 800 trabalhadores alemães empregados em vários setores.

Os voluntários deveriam concordar ou discordar de frases como “Não sinto remorso” ou “Gosto de receber atenção dos outros”, além de darem pormenores de sua vida profissional.
Os resultados, publicados na revista Social Psychological and Personality Science, foram surpreendentes.

Apesar dos indícios anteriores da existência de CEOs malvados, Spurk descobriu que os voluntários com perfil mais “psicopata” apresentavam um desempenho pior nos parâmetros de sucesso: eles ganhavam menos do que colegas no mesmo cargo e tinham posições mais baixas na hierarquia da carreira. E, claro, eles também estavam menos satisfeitos.

Spurk acredita que isso se deve ao nível de agressividade e tomada de riscos de pessoas com esse perfil. “Psicopatas são bastante impulsivos – eles têm dificuldade de controlar seu comportamento”, afirma.

Apesar de a disposição de correr riscos ser vista como algo positivo em alguns setores, a impulsividade pode representar menos produtividade a longo prazo. Para Spurk, o fator determinante pode ser a inteligência: um psicopata mais esperto pode contrabalançar alguns desses excessos, o que o permitiria vencer mais para a frente.

Sucesso e manipulação
O aspecto mais associado ao sucesso, segundo o estudo, foi o maquiavelismo: as pessoas com tendências manipuladoras apresentaram mais chances de subir para posições de liderança.

Mas são os narcisistas os que ganham melhor, de maneira geral. Isso pode ser explicado pelo fato de se valorizarem tanto que se tornam melhores negociadores.

“Indivíduos com uma alta dose de narcisismo sabem gerenciar bem as impressões que causam, e podem convencer seus colegas ou supervisores de que eles merecem algumas vantagens especiais”, diz Spurk.

Mas antes que você comece namorar a ideia de adotar um lado negro para avançar na carreira, Spurk destaca que essas pessoas perdem outros tipos de oportunidades na vida.

Os narcisistas podem parecer carismáticos à primeira vista, mas podem cansar os outros com sua necessidade constante de atenção. Por isso, mesmo que eles estejam ganhando mais, eles podem sofrer socialmente.

E manipuladores maquiavélicos podem ser desmascarados caso se descubram suas maquinações desonestas e impiedosas.

Se isso não é o suficiente para convencer você, saiba que hoje há inúmeros indícios científicos de que a gentileza pode não render dinheiro, mas tem suas recompensas: pessoas mais honestas e generosas tendem a ser mais felizes e até terem uma saúde melhor.

A ambição pura e simples pode até ajudar a avançar na carreira, mas ela não substitui o verdadeiro talento. Para cada Draper ou Priestly da vida real, há milhares de outros espreitando nas sombras, sem emprego e sem amigos.

Fonte: BBC

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