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Iguatuense retorna da Coreia do Sul cheio de histórias na bagagem

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{gspeech}Por volta de 21h da terça-feira, 18, os passageiros de uma empresa de ônibus foram surpreendidos ao chegar ao Terminal Rodoviário Senador Fernandes Távora.
Ao se aproximar do desembarque, o veículo que vinha da capital cearense foi recebido com fogos de artifício. Era uma festa para um dos passageiros: o iguatuense Elton Brasil, que chegava à sua cidade depois de um ano e dois meses morando em Seul, na Coreia do Sul.

Experiência
Em meados de outubro de 2013, o Ciência sem Fronteiras, programa do Governo Federal que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, divulgou oportunidades para estudantes brasileiros fazerem intercâmbio em 14 países. Dentre as opções, que incluíam Estados Unidos, Espanha, França, China e Japão, o acadêmico de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) escolheu a Coreia do Sul. “Para a minha área acadêmica, dentro das pesquisas que eu fiz, achei melhor escolher a Coreia do Sul, onde eu teria de estar nas maiorias companhias de eletrônicos do mundo”, explica.

Depois de resolver as questões burocráticas, Elton Brasil – ou simplesmente Brasil – foi aprovado e seguiu para a Yonsei University, considerada a segunda melhor universidade do território coreano.

Evento de alta cúpula do Brasil na Coreia (Reprodução Facebook)

Ganhos de vida
Antes de ter as aulas específicas do seu curso de engenharia, o iguatuense teve dois meses de aprimoramento da língua inglesa, com aulas ministradas por professores americanos. “Isso foi crucial para o meu desenvolvimento intelectual! Com o domínio do Inglês, muitas portas são abertas, você consegue ter uma rede de contatos imensa”. Em seguida, começaram suas aulas dentro do campo de engenharia elétrica e eletrônica da universidade, onde manteve contato com profissionais conceituados, engenheiros das gigantes Samsung e LG.

Winter Internship CsF Posco Corporation (Reprodução Facebook)

Pouco tempo depois, Brasil teve a oportunidade de estagiar na Companhia de Aço e Ferro Pohang (POSCO), que atualmente é detentora de 20% de investimentos na Companhia Siderúrgica do Pecém, em Fortaleza. No estágio, o jovem conheceu o estilo de trabalho dos coreanos, o chamado “hard work” (trabalho duro). “São 10 a 11 horas de trabalho por dia, de segunda a sexta, e até mesmo aos sábados, com apenas uma semana de férias por ano”, relata.

The Samsung Library (Reprodução Facebook)

No segundo semestre de aulas na Yonsei, Elton teve contato com a tecnologia 5G, prevista para ser lançada entre 2018 e 2022, mas já desenvolvida por lá. No Brasil, temos 3G e em alguns pontos conseguimos utilizar 4G, mas os sul coreanos querem ser pioneiros em 5G. A partir desse contato, o jovem teve a escrita de três artigos científicos publicados no Congresso Mundial de Engenharia e Ciências da Computação, na Califórnia.

Depois de concluir o segundo semestre, um novo estágio foi iniciado, desta vez na Hyundai, uma das grandes montadoras de carros do mundo, líder no Brasil. Nesta etapa, dedicou-se ao estudo e desenvolvimento de tecnologias para o interior dos veículos, como segurança eletrônica, áudio e vídeo, e também GPS. Sua abordagem se voltou a desenvolver novas técnicas para o conhecido airbag.

Além de todo conhecimento adquirido, o estudante se diz enriquecido também pelo contato com uma cultura milenar, totalmente diferente e oposta à brasileira. O contato com profissionais de diferentes áreas é outro ganho destacado.

Mochileiro
Durante o rigoroso inverno sul coreano, com termômetros registrando 15° negativos, o estudante deu lugar ao mochileiro. “Resolvi conhecer um pouco do sudeste asiático, em particular Tailândia, Camboja, Laos e Vietnã”. Ele justifica a escolha dos quatro países: entender as histórias que ele lia nos livros. Ele queria ver de perto o que os rankings chamam de o povo mais feliz do mundo. E de fato foi esta a impresso que ele teve dos vietnamitas: “É uma receptividade, uma hospitalidade imensa do povo!”.

Aventura no Vietnã (Reprodução Facebook)

Seguindo viagem, estudou sobre guerras civis no Camboja e viu de perto o comunismo e a simpatia do Laos. Na Tailândia, conheceu o budismo, visitou belas praias e se chocou com a exploração sexual.

Sabores e surpresas
Sobre a culinária, muito se especulava entre os amigos de Elton. Mas no final, nada o surpreendeu tão negativamente. A não ser a pimenta. “Muito, muito forte”, comenta. Ele menciona particularidades de sabores, com opções entre comida japonesa ou chinesa, que seriam mais aprazíveis para alguns.

Além dos sabores, o que surpreendeu positivamente o jovem foi a educação do povo coreano. “O brasileiro se preocupa com o próximo. A Coreia tem uma sociedade verticalizada”. Ele disse que é comum ver um idoso em pé no transporte público, sem que ninguém lhe ofereça assento, mas ainda assim os coreanos são considerados bastante civilizados.

Amizade sem fronteiras
“O que mais me marcou em toda a experiência foi a amizade”, dispara. Hoje o acadêmico mantém amigos no Iraque, no Turcomenistão, Finlândia, Estados Unidos e Alemanha, além dos latinos, com quem aprendeu espanhol de maneira natural. Para ele, conhecer o que os outros sabem, foi um marco. “Conhecer o que eles podem oferecer para o meu crescimento humano, social e profissional”.

Família online
A saudade de casa e a distância da família foram dribladas facilmente. “Eu procurava sempre estar com aqueles que me entediam, os brasileiros”. Nos primeiros meses, Elton buscava sempre locais que lembrassem o seu país. O que não foi difícil, porque os coreanos são apaixonados pela cultura brasileira. “Eles são apaixonados pelo samba, capoeira, futebol”, observa o “sambista”, que participou inclusive de apresentações de dança para a comunidade internacional em Seul. “Com isso, eu consegui aproximar os 20.000 km de distância da Coreia do Sul pro Brasil”.

Na chegada a Iguatu, o reencontro com a família (Iury Sarmento)

Enquanto o filho passava todo esse tempo estudando, conhecendo e desbravando a Coreia do Sul, sua mãe Josélia seguia com a batalha diária, aqui em Iguatu. “Muita saudade, mas sempre mantinha contato com ele, todos os dias”, declara aquela que se tornou usuária de Facebook e Skype para falar com o filho. O contato era mantido virtualmente também com a irmã, Ellen. “A nossa amizade aumentou, por causa da distância”, diz a jovem. Elton Brasil fez 25 anos no último domingo.

E agora, Brasil?
Mesmo com a greve dos professores da UFCG, Elton programa o término de seu curso para o final de 2016. Seu trabalho de conclusão será apresentado na França, onde deve ficar por 4 meses. Despois da graduação, seus planos são seguir no campo das pesquisas, nos Estados Unidos. Além de matar a saudade de casa, colocar os assuntos em dia com a família, amigos e família maçônica, Brasil deve visitar IFCE’s da região e de outros estados, compartilhando ideias e conhecimentos sobre o Ciência sem Fronteiras.{/gspeech}

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