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Entre Olhares: Qual o seu olhar?

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Um dia desses fui instigado pelas chefias da instituição de ensino da qual faço parte a discutir com os nossos alunos a respeito do tema DROGAS. Confesso que para mim foi um desafio. Além do tabu, este tema é extremamente complexo para ser discutido com adolescentes. Mas de forma alguma, sequer pensei em hesitar. De pronto assumi o emaranhado assunto e coloquei-me a estudar.

O processo de busca de informações tem se mostrado baste árido, lento e multifacetado. Estou me sentindo um verdadeiro açougueiro, pois é necessário um embricado processo de divisão e subdivisão do assunto. Não bastasse isso, estou tendo a percepção de que o tema exige uma infinitude de olhares que perpassam uma simples formação profissional. Aspectos sociais, econômicos, políticos, de saúde, relacionados à genética, ideológicos, psicológicos, legais…

A lista não tem fim. Tomei então a decisão de fazer inicialmente uma abordagem econômica. Privilegiei o cigarro, por se tratar de uma droga lícita e de ampla aceitação pela sociedade. Encontrei uma enxurrada de números que, por sua vez, têm uma representação ideológica a partir de sua origem. A visão do SINDITABACO (entidade que congrega os produtores da matéria-prima do cigarro) é excessivamente “progressista”.

Segundo aquela entidade, a atividade envolve 293 mil hectares de terra, 144 mil produtores rurais integrados,576 mil pessoas trabalhando, produziu 539 mil toneladas, exportou 517 mil toneladas, gerou 40 mil empregos diretos na indústria, gerou mais de US$ 2 bilhões em divisas externas, arrecadou mais de R$ 5 bilhões em divisas internas, colocou o Brasil na posição de 2º maior produtor e exportador do mundo, com uma clientela de 97 países. Uáu! Extraordinário!

Procurei o reverso da moeda e eis que encontrei: principais doenças relativas ao tabagismo – AVC, doença obstrutiva pulmonar crônica (DPOC) e câncer de pulmão. O cagarro ocasiona 6 milhões de mortes por ano, 14 mil mortes por dia, 1 morte a cada 6 segundos mundialmente. O cigarro mata mais que a AIDS, o álcool, as drogas ilícitas, os assassinatos, os suicídios e os acidentes de trânsito todos juntos. Nossa! É aterrorizante!

Retornei então ao viés econômico: As despesas médicas anuais no Brasil por causa do cigarro somam mais de R$ 39 bilhões. As perdas de produtividade laboral e por morte prematura ultrapassam R$ 17 bilhões; a DPOC custa ao nosso país R$ 16 bilhões por ano e mata 31 mil patrícios; as doenças cardíacas solapam mais de R$ 10 bilhões anuais da nossa combalida economia; são 256 óbitos anuais decorrentes do cigarro. Fechando a conta: R$ 57 bilhões de prejuízo.

Especialistas de diversas áreas profissionais apresentaram um estudo e fizeram a proposta para o governo brasileiro sobretaxar em 50% o preço do cigarro. Segundo os arautos estudiosos, esta medida administrativa ao longo de 10 anos iria proporcionar uma economia da ordem de R$ 98 bilhões decorrentes do aumento da arrecadação e da diminuição dos gastos com saúde. Não obstante ainda evitaria: 130 mil mortes, 500 mil infartos, 100 mil AVC e 65 mil casos de câncer.

Fico feliz quando lembro da decisão de ter colocado nesta coluna o nome de ENTRE OLHARES. Não é mera coincidência. Procurei aqui neste momento apresentar os diversos olhares sobre uma questão que perpassa diversos vieses: social, humanitário, político, econômico, ideológico, antropológico, psicológico, filosófico, sociológico, biológico, dentre outros. Nesse final de conversa quero te fazer uma pergunta:

Considerando a isenção ética das informações aqui colocadas, quando o assunto é TABAGISMO, qual o seu olhar?

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