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Entre Olhares: Continuidades ideológicas

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A suposta Independência do Brasil e a criação do seu Império, tirante todas as mazelas e falcatruas levadas a efeito por Sua Majestade D. Pedro I, foi um passo importante na caminhada histórica deste país no sentido de que o mesmo pudesse avançar enquanto uma organização política autônoma e independente. Certamente tratou-se do pre requisito a fim de que em 1889 a Proclamação da República se concretizasse, tendo continuidade aos dias de hoje.

Dados numéricos fazem-nos entender que, afora qualquer avaliação político ideológica, a República demonstrou se tratar de algo importante para o crescimento do país. Em 1890 nossa população era de 14,3 milhões de pessoas; em 1940 já atingia o patamar de 41 milhões. Tradicionalmente nunca fomos chegados à precisão e fidedignidade das informações. Certamente nossas autoridades públicas desde cedo aprenderam que “saber é poder”, sendo perigoso informar.

O primeiro censo industrial, em 1907, revelou a existência de 3,25 mil fábricas no país. Em 1920 já contávamos com 13,3 mil indústrias e cerca de 275 mil operários. O consumo de energia elétrica em 1900 chegou a 16 Gwh; em 1930 já se aproximava de 1400 Gwh. As transações postais também são indícios de desenvolvimento. Foram 50 milhões em 1890; em 1929 ultrapassou os 2 bilhões de volumes. As linhas férreas de 10 mil Km em 1890 passaram a 32 mil Km em 1930.

O modal férreo de transporte de cargas fez o transporte de 4,3 milhões de toneladas em 1904. Em 1929 já eram 25 milhões de toneladas de mercadorias transportadas pelas estradas de ferro do Brasil. Essa intensa movimentação demonstra a pujança do mercado interno nacional e da frenética troca de mercadorias entre as diversas regiões do país, principalmente, do ativo papel econômico das comunidades interioranas enquanto agentes propulsores de desenvolvimento social.

Em 1889 as importações de equipamentos industriais foram registradas em 631 mil libras esterlinas (moeda forte da época, a exemplo do dólar de hoje). As oscilações positivas ocorreram inicialmente com a Política Econômica de Rui Barbosa; a mais depressiva acontecendo na recessão do Governo Campos Sales (410 mil libras esterlinas, abaixo de 1883); em 1905 Rodrigues Alves faz uma retomada; após o Plano Nacional de Valorização do Café (1907) as importações não pararam de subir, fechando o balanço de quase 3 milhões de libras esterlinas em 1913.

Nosso principal produto de exportação, o café, fez girar no Globo 5,1 milhões de sacas a um preço de 17,8 milhões de libras esterlinas, em 1890. A venda de 9,8 milhões de sacas em 1900 só renderam 14,4 milhões de libras esterlinas. Dez anos depois as vendas caíram para 9,7 milhões de sacas, mas a receita subiu para 26,7 milhões de libras esterlinas. Em 1930 vendemos 15 milhões de sacas de café e apuramos 41,4 milhões de libras esterlinas no mercado internacional.

Considero inquestionável a contribuição Republicana para o avanço do crescimento econômico do Brasil. Digo crescimento por que entendo que o mesmo não foi acompanhado no mesmo ritmo pelo desenvolvimento social. No quesito EDUCAÇÃO o andamento foi lerdo, incipiente, ineficiente, insuficiente e pouco ou nada equitativo. Calcula-se que em 1890 tínhamos cerca de 17,4% da nossa população alfabetizada – 2,4 milhões de pessoas. Na Década de 1940 esse contingente era de apenas 16 milhões de pessoas.

Alguns podem argumentar:”sim, houve um fator multiplicador da ordem de 6,7. Isso é espetacular!”. Na minha visão particular, discordo! Perceba que os dados são referentes a alfabetizados. Por minha vez falo em EDUCAÇÃO. O que se fez foi um arremedo no sentido de cumprir as exigências do novo Regime Constitucional Republicano, adestrando pessoas para a formação do curral eleitoral dos Coronéis. Quando muito, alguns eram treinados para atender às exigências do mercado de trabalho industrial, necessitado de operários letrados.

A leitura que faço de todo esse avanço é que em si, o Regime Republicano foi benéfico para o país. Não posso afirmar o mesmo em relação àqueles que assumiram o Poder. Lamentavelmente, tratou-se de uma elite burguesa, que amealhou os seus quinhões na esteira das benesses conservadoras dos Poderes Ditatoriais antecedentes à República que, com a sua chegada, usurparam o exercício da cidadania do Povo Brasileiro, privatizaram as coisas e instituições públicas, mantiveram os seus privilégios de Classe, mantendo sob forte tutela a esmagadora maioria da população, tratando-lhe impiedosamente através da renomada e conhecida LEI DA CHIBATA.

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