Política
Eleição 2018 não pode ser “no tapetão”, diz Dilma Rousseff
Lideranças políticas de diversas nações se reuniram nesta segunda em Porto Alegre para debater a crise das democracias.
Dirigentes partidários e integrantes de movimentos populares de diversos países da América Latina e da Europa se encontraram na tarde desta segunda-feira (22), em Porto Alegre, para um debate sobre a democracia no mundo.
O ato contou com mais de 400 pessoas. Além de lideranças políticas de várias nações, o evento teve a presença da ex-presidenta Dilma Rousseff.
Saudada calorosamente pelos participantes ao entrar no auditório, Dilma fez questão de lembrar aos presentes os laços que unem os trabalhadores de todo o continente latino-americano: “Queria dizer aos partidos irmãos da América Latina que nós temos em comum uma luta. Desde o início da resistência que nós tivemos aqui na América Latina, passando pelas políticas neoliberais mais rígidas que tiveram sua expressão maior na Alca [Área de Livre Comércio das Américas], que nós derrotamos em conjunto”.
Sobre o processo contra Lula, que tenta inviabilizar sua candidatura às eleições presidenciais de 2018, Dilma apontou que a ação do juiz de primeira instância Sergio Moro, que determinou a condenação do ex-presidente, não tem consistência e não deveria ser levada à diante.
“É um processo muito complicado. Ele se inicia em uma entrevista coletiva e em um PowerPoint. Não se tem notícia disso e não se tem notícia de que um juiz possa falar fora dos autos. O Brasil tem de se encontrar consigo mesmo e, para isso, tem uma pré-condição: a eleição de 2018 não pode ter casuísmos. Ela não pode levar a qualquer tentativa de se ganhar no tapetão”, afirmou.
A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) conta que a presença de representantes políticos de várias partes do mundo no seminário é um sinal da importância de Lula para as democracias mundiais: “Hoje Lula transformou-se em uma referência para a democracia, tanto no Brasil, quanto no mundo. Se Lula vier a ser impedido de participar das eleições significa que, mesmo a limitada democracia representativa que o Brasil tem, foi rompida. Nem essa eles aceitam. As elites brasileiras nunca tiveram apego à democracia”.
Em entrevista exclusiva para o Brasil de Fato, Sandra Lazo, que é vice-presidenta da organização de movimentos populares e partidos políticos do Uruguai, a Frente Ampla, comentou sobre a solidariedade da América Latina com Lula e disse estar preocupada com as ameaças democráticas que o continente tem sofrido.
“A América Latina sabe, e muito, o que foi o longo e doloroso processo para recuperar a democracia. Eu faço referência ao que acontecia na América Latina há 40 anos, quando, não por casualidade, estava sob o Plano Condor, em diferentes ditaduras. Podemos dizer que essa é outra etapa, mas que não se difere dos interesses de quem a leva adiante, chame de golpe brando ou chame de judicialização da política”, afirmou
As atividades organizadas pelo Comitê em Defesa da Democracia e do Direito de Lula ser Candidato se estendem até o próximo dia 24 de janeiro, quando acontece o julgamento do ex-presidente no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Fonte: Brasil de Fato
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