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DIVERSUS – Março: Mês dedicado à luta das mulheres

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Por Patrícia Santiago
Assistente Social

Dia 8 de março é celebrado o dia internacional da luta das mulheres. A data foi estabelecida pela ONU como dia internacional da mulher em 1975, mas sua origem vem do início do século passado. A ideia de estipular um momento anual para celebrar a luta pelos direitos das mulheres trabalhadoras partiu da líder socialista Clara Zetkim. A data no entanto passou a ser celebrada nesse dia específico a partir de 1917 quando um grupo de mulheres foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho e contra e a entrada da Rússia da primeira guerra mundial.

Embora tenha existido esforços para transformar o dia das mulheres em uma data comercial, como é o dia das mães, o dia ainda é celebrado e lembrado como dia de luta das mulheres em diversos países. Na América Latina a data é marcada por protestos e uma agenda de luta feminista pelos direitos das mulheres e contra discriminação e violência de gênero.

A luta das mulheres brasileiras é tão intensa e urgente quanto a luta de tantas outras em diversos países mais atrasados no âmbito do reconhecimento dos nossos direitos. Podemos pensar que somos mais livres quando nos comparamos com mulheres iranianas, ou que estamos mais seguras que as mulheres indianas, país considerado o mais inseguro do mundo para mulheres; no entanto nossa realidade acumula semelhanças com a realidade vivida pelas mulheres desses países, a estrutura machista e patriarcal que oprime, persegue e mata milhares de mulheres ano após ano.

Uma recente pesquisa divulgada pelo data folha relata que 43% das mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de violência física, sexual ou psicológica, deixando o Brasil acima do ranking mundial. A pesquisa também aponta que todas as formas de violência contra mulher cresceu em 2022. Mesmo depois de tantos dispositivos jurídicos para coibir essas práticas, depois de tanta comunicação, de tantas campanhas de conscientização, a violência só cresce. Isso se deve sobretudo porque a raíz da violência de gênero é o machismo e não a falta de leis e de punição; outros fatores que contribuíram para esse aumento foi a falta de investimentos públicos em políticas de combate à violência contra mulher, os recursos destinados a essa área vem diminuindo e em 2022 foi o menor dos últimos anos, somado a isso vem a liberação irestrista de armas de fogo ocorridas no país nos últimos anos.

Os dados refletem a realidade das mulheres brasileiras e como cotidianamente elas estão expostas a todo tipo de violência, mesmo no âmbito doméstico, local que era pra ser sinônimo de segurança. Mediante o cenário atual e buscando construir uma nova realidade as mulheres continuam incansáveis em suas lutas, que são por direitos básicos, pela manutenção do que já fora conquistado mas sobretudo pela sua emancipação. Para uma emancipação plena e concreta não basta só reivindicar mais mulheres na política ou em cargos de chefia, embora isso seja muito importante, somente isso não dar respostas a tudo que precisamos. Lutar e reivindicar cargos, igualdade salarial permitirá que algumas de nós tenha esse direito, mas não libertará todas.

Encampar essa bandeira é mais uma luta individual e nós não queremos vitórias individuais, não queremos a libertação de algumas de nós e deixar milhões de nossas iguais para trás. Enquanto uma centena alcança essas pequenas vitórias individuais que são usadas em capas de revistas como sinal de empoderamento feminino, milhões de nós estão sofrendo violência, tendo suas vidas ceifadas de forma brutal, estão trabalhando em jornadas exaustivas, sem direitos trabalhistas, estão perdendo seus filhos pretos pela violência do Estado, estão nas áreas de risco nas periferias, estão à margem, estão sendo abusadas sexualmente desde crianças.

Nossa reivindicação nesse 8 de março é pelo fim do machismo e da misoginia. Queremos que nossas meninas cresçam livres da pressão estética e dos riscos de ser mulher em uma sociedade que odeia nossos corpos, nossa liberdade, nossas formas de nos expressar e nos organizar. Que possamos nos unir nesse propósito nesse mês e nos que virão, até que não precisemos mais chorar a morte de nossas iguais vítimas de feminicídio e que sejamos livres das opressões que a sociedade capitalista patriarcal nos impõe.

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