Dia-a-Dia com Maria

Dia-a-Dia com Maria: A história da mais antiga Escola de Samba do RJ – Portela

Conhecida como “A Majestade do Samba”, a Portela é a escola de samba mais antiga do Rio de Janeiro.

Histórica e socialmente falando, as Escolas de Samba são o produto das transformações de manifestações culturais do carnaval carioca, aliada ao surgimento do Samba moderno e têm como marco histórico de surgimento o ano de 1928.

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Conhecida como “A Majestade do Samba”, a Portela é a escola de samba mais antiga do Rio de Janeiro.

Histórica e socialmente falando, as Escolas de Samba são o produto das transformações de manifestações culturais do carnaval carioca, aliada ao surgimento do Samba moderno e têm como marco histórico de surgimento o ano de 1928.

A expressiva maioria das escolas de samba, principalmente as do Rio de Janeiro, possui em sua denominação a expressão “Grêmio Recreativo Escola de Samba” (representada pela sigla GRES) antes do seu nome, propriamente dito. 

Essa padronização nas nomenclaturas das entidades surgiu em 1935, quando as agremiações carnavalescas cariocas foram obrigadas a tirar um alvará na Delegacia de Costumes e Diversões para poderem desfilar. O delegado titular, Dulcídio Gonçalves, decidido a dar um aspecto de maior organização aos desfiles de escolas de samba, negou-se a conceder o alvará para associações com nomes considerados esdrúxulos, razão pela qual a GRES Portela teve que mudar para o nome atual, ao invés do anterior “Vai Como Pode.” 

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela foi fundado em 11 de abril de 1923 no bairro de Oswaldo Cruz, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Sendo a mais antiga escola de samba em atividade permanente, é a única escola que participou de todos os desfiles de escolas de samba da cidade. 

Foi a campeã do primeiro concurso de escolas de samba (não oficial) em 1929, organizado por Zé Espinguela, desde então, foi a grande responsável por moldar os desfiles na forma como acontecem atualmente, 21 campeonatos e uma grandiosa contribuição para o samba carioca e para a cultura brasileira.

O passado da Portela é repleto de vitórias, já diria o lindo samba “Vitória retumbante”, de Monarco. Afinal, são 21 títulos em suas tantas décadas de história, que fazem dela a maior campeã destes 80 anos desfiles. Mas sua trajetória também é repleta de brigas e dissidências. A primeira delas, que deixou uma ferida aberta, foi a saída de Paulo da Portela, em 1941. O fundador e nome mais importante da história da “Azul e branco” se desentendeu com Manuel Bambambam, o valentão, que era o mestre-sala na época, mas que também fazia parte da diretoria.

Paulo da Portela chegou para o desfile direto de São Paulo, onde fazia shows com Cartola e Heitor dos Prazeres, vestidos de preto, roupa usada nos shows, eles foram impedidos de desfilar por Bambambam, que alegava que o próprio Paulo só aceitava componentes trajando azul e branco na escola. 

Paulo nunca mais voltaria à escola. No fim de sua vida, compôs “O meu nome já caiu no esquecimento” (“Chora, Portela, minha Portela querida / Eu te fundei, serás minha toda a vida”).  

Em 1974, o presidente da Portela, Carlinhos Macaranã, escolheu Jair Amorim e Evaldo Gouveia como autores do samba-enredo “O mundo melhor de Pixinguinha”. Vários compositores e figuras importantes da Portela se revoltaram com a decisão e ameaçaram deixar a escola, como Candeia, Zé Ketti e Paulinho da Viola. Jair e Evaldo eram autores de sucesso da música popular brasileira, mas não tinham qualquer ligação com a Portela, Na época, compositores de fora só eram aceitos nas disputas de samba depois de um ano na ala de compositores. Mas Maracanã bateu pé e a Portela rachou.

*Mariazinha é Servidora do IFCE Campus Iguatu e Advogada

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