Saúde
Calvície é genética? Conheça alguns mitos e verdades sobre o assunto
A OMS (Organização Mundial de Saúde) fecha a conta: metade da população masculina do planeta terá algum grau da disfunção até os 50 anos. A culpa é da testosterona, hormônio sexual masculino, a maior responsável pela queda do cabelo. As mulheres também a produzem, mas em quantidade muito menor.
“Trata-se de um processo de afinamento e queda de cabelo causado por genes e hormônios. Atinge quase 50% dos homens e apenas 5% das mulheres”, diz Valcinir Bedin, médico dermatologista formado pela Universidade de São Paulo (USP), mestre e doutor em medicina pela Universidade de Campinas (Unicamp), tricologista (especialista em cabelo) e nutrólogo, presidente da Sociedade Brasileira do Cabelo.
“Os homens possuem mais hormônios masculinos e receptores, no couro cabeludo, ávidos por captar tais hormônios, se comparados com as mulheres. Sendo assim, o distúrbio é mais significativo neles”, completa Adriano Almeida, dermatologista e tricologista, diretor do Instituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pele (IPTCP), diretor da Sociedade Brasileira do Cabelo e professor da Fundação Pele Saudável.
Embora as mulheres estejam mais protegidas contra o revés, é bom considerar que, devido a estresse e outros fatores, médicos alertam para a perspectiva de aumento de 10% ao ano no número de casos de diminuição de fios nelas – que, embora não possa ser chamado de calvície, pois se trata de uma rarefação capilar, já mostra que a diminuição da farta cabeleira é um fantasma futuro para o público feminino.
Tipos diferentes
Conforme explica Bedin, há a alopecia androgenética de padrão masculino, em que a queda se dá nas entradas e no vértex (parte superior da cabeça, o ‘cocoruto’); e a alopecia androgenética de padrão feminino, com rarefação no topo e na região da coroa, sem perda na área frontal.
“Existem, ainda, as alopecias inflamatórias, como a areata, que são de origem autoimune, ou seja, o próprio organismo destrói os folículos capilares”, explica a dermatologista e tricologista Ana Carina Junqueira Bertin, da Clínica Adriana Vilarinho e do Centro de Cirurgia da Obesidade e Metabólica, em São Paulo.
Também é preciso diferenciar calvície de queda de cabelo: a primeira tem origem genética, enquanto a segunda é um problema multifatorial, ou seja, detonado por várias condições, como genética, hormônios, fumo, álcool, sono de baixa qualidade, estresse, excesso de processos químicos – tinturas, descolorantes, alisantes –, anemia e faltas nutricionais de ferro e até exagero na manipulação física do cabelo em penteados que causam tração.
“Já a calvície é poligênica, isto é, há vários genes envolvidos no processo, vindos dos pais (tanto do pai quanto da mãe) ou avós”, considera o dermatologista Valcinir Bedin.
Para reverter o quadro, advertem os especialistas, é bom procurar tratamento logo que os primeiros sinais de calvície apareçam. Acredita-se que um quarto das pessoas começa a perder fios antes dos 25 anos e há casos prematuros de pacientes que sentem o problema já aos 15 anos ou no final da adolescência.
Felizmente, por meio de uma análise do histórico familiar e outros exames, como o da taxa de hormônios masculinos, é possível diagnosticar o tipo de calvície e indicar a melhor conduta para frear a queda.
Mas tomar remédio para calvície causa mesmo disfunção erétil ou este é um dos maiores mitos sobre o assunto? “Quando falamos do medicamento finasterida, em alguns casos raros, pode haver a diminuição temporária da libido, sem afetar a ereção”, diz o médico Valcinir Bedin. “Assim que a medicação é suspensa, o organismo metaboliza e excreta a droga em poucos dias e a disfunção se corrige”, completa Ana Carina Junqueira Bertin.