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Artigo: A liberdade que queremos e a “Liberdade Real”

Muito “blá” se fala sobre o regime democrático, o regime militar e a supressão dos direitos fundamentais, dos direitos humanos.

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Muito “blá” se fala sobre o regime democrático, o regime militar e a supressão dos direitos fundamentais, dos direitos humanos.

Mas qual a real diferença entre os dois regimes? Os resultados da vigência dos dois regimes, se comparados, demonstra mesmo que temos uma efetivação de direitos sociais como o lazer, educação, moradia e outros direitos como a informação, a liberdade?

Ao meu ver, a atual sociedade não é justa nem livre, pois a “liberdade real” não existe para o indivíduo menos privilegiado, a sua liberdade de poder escolher, e decidir sobre suas ações. Como disse Rousseau “o homem nasce livre, mas encontra-se acorrentado por todas a partes”. Qual crime tem mais significância? A restrição ao acesso à informação ou a informação completamente “infectada” com valores e ideologias da classe dominante?

Para os chefes do poder, numa forma radical, o desejo de submeter o povo a um ideal ético que consideram o “correto” é o maior de todos os crimes. Os modelos educacionais de ensino escolar e profissionalizante sufocam a capacidade do homem de se reconhecer como um animal pensante, atuante na mudança social e o torna um mero espectador da vida, que apenas assimila informação e contempla a realidade ao invés de compreende-la e trabalhar na sua mudança.

Essa culturalização “padrão” é a derrota, o fracasso da soluções políticas. As leis criadas para regulamentar nossas condutas revelam muito mais que isso. Demonstra que somos regulados por normas de controle social e criadas por homens que não as seguem, ou seja, a própria norma desdobra-se na sua violação. Para que possamos chegar a uma real democracia tanto no seu aspecto formal quanto material (Democracia =governo do povo; da maioria; democracia = governo dos pobres) é entender que a política deveria ser meticulosamente expurgada das ideias morais e tornada “realista” para aceitar as pessoas como são, enxerga-las como um fim em si mesmo, e não um meio para se chegar a um determinado objetivo.

Sidarta Gautama (Buda) disse uma vez: “feliz o homem que superou seu ego”. Ele estava certo ao perceber que a natureza humana é egoísta, não há como muda-la. O problema do Estado, por incrível que pareça, pode ser resolvido ate por uma raça de demônios, desde que inteligentes, assim dizia Slavoij Zizek, percebendo que não é necessários alcançar o aprimoramento moral para uma política mais justa, menos suja e corrupta. Basta apenas que haja uma organização de intenções, criando leis para sua preservação na qual cada indivíduo é forçado a ser um bom cidadão mesmo que não seja uma pessoa moralmente boa.

A realidade é vivida, e não ensinada.

*Pierre é professor e coordenador do curso de Direito da URCA

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