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AMERICANDO: Orgulho de ser professor ou professora?

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“Se o barato é louco e o processo é lento

No momento

Deixa eu caminhar contra o vento”

(Racionais MC’s, Jesus Chorou, 2002).

Na essência do ofício sim! Nas condições de trabalho, nas relações com os que fazem a gestão do sistema educacional, com algumas famílias que vêm à escola, quando necessário, com alguns colegas de profissão e com o contexto social que nos cerca, jamais!

As condições de trabalho são complicadas.  Salas superlotadas e muitas vezes sem a mínima condição estrutural. Isso infelizmente é um fato em boa parte do país.

Quem faz a gestão do sistema educacional tem todos os requisitos de quem não entende absolutamente nada de educação.  Não era nem para estar no posto. A valorização dos professores e professoras é um discurso, mas não uma prática.  O que temos é a transformação do ofício de ensinar em um mero mecanismo de treinar para obter resultados. Somente. A questão resume-se a números. O valor do conhecimento que é de suma importância para a humanização dos indivíduos não é nem refletido.

Alguns pais que às vezes vêm à escola, por conta da indisciplina dos filhos, aparecem para agredir de fato os professores e professoras. O aluno está certo, a história do aluno é a verdadeira, os professores e professoras estão errados.  Infelizmente essa é a tônica em muitos casos… A família não quer mais corrigir, e a figura do educador, quando ousa fazer isso, é humilhada e tem que se defender das afrontas das famílias de alguns alunos e do próprio estudante. Algo não está certo, certamente…

Alguns estudantes não são disciplinados em casa, muitas vezes não cumprem regras, não possuem horários para determinadas coisas, alguns pais não ensinam ou não têm mais esse controle. A escola vai ter? A condição de ser educado, ele tem que aprender na escola?  Maneiras mínimas como saber entrar, sair, sentar-se, ouvir e modos mínimos de etiqueta social, como ouvir e esperar a hora certa de falar, é a escola que deve ensinar?  Se a família não educa em casa, fica difícil um professor ou professora tentarem, já que seu ofício é ensinar os conhecimentos básicos do mundo educacional, da escolarização, do conhecimento técnico científico, não os modos básicos de civilidade para se comportar como qualquer indivíduo no meio social. A escola até pode orientar, mas isso é algo que já deveria vir do berço.

Alguns colegas de profissão lhe perseguem por razões ideologias, por posturas diferentes, cargos ou outros sentimentos mesquinhos, os quais um profissional da educação jamais deveria ter. Alguns colegas de profissão infelizmente adoecem o ambiente de trabalho na escola. Estão ali por cargos ou interesses próprios, para serem tão somente legalistas, pragmáticos, vigilantes para com qualquer deslize de um par, sem ressalvas para de imediato entregá-lo em uma denúncia sem fundamento. Não falamos nem em “sem ganhar nada em troca”, pois não ganhamos caluniando, oprimindo ou denunciando por simplesmente denunciar um colega de profissão, sem antes tentar ajudar ou corrigir. Os que assim procedem são criaturas sádicas, mesquinhas e que a infelicidade faz parte do universo sentimental de tais pessoas. O que estão fazendo na educação?

O nosso contexto social fez do professor o principal alvo de alguns. Um ódio desenfreado e sem noção contra os profissionais da educação surgiu.  De alguns anos para cá isso virou regra!  Calunias, difamações, desrespeito pela classe como se os professores e professoras fossem os vilões, os responsáveis por qualquer coisa que algumas mentes entendidas como conservadoras entendem por errado. Foi ventilado que os professores estavam doutrinando os alunos e até projetos de lei para calar os educadores aguardam momento oportuno para serem pautados.

Feliz? Satisfeito?  Orgulhoso?  Não! Mas inconformado com toda certeza! Os professores e professoras estão doentes, sem ajuda dos que regem a educação do Estado nação, que não se importam como devem com esse ofício tão essencial a qualquer nação do mundo em toda a História da humanidade. Orgulhoso na essência do ofício, por ter de fato amor ao próximo em tentar instruir, libertar as consciências para um pensar reflexivo, em tentar entender a máquina que rege as relações humanas. Orgulhoso disso, sim, mas não do que milhares de professores e professoras no país passam e tentam suportar…

Para ser professor se faz mister gostar de gente, pois o fardo que nos é posto é muito injusto. Não somos apenas professores, mas essencialmente para muitos estudantes somos pais, amigos, conselheiros, psicólogos e outras vezes saco de pancadas.

Orgulhoso?  Orgulhosa?  Na essência sim! Na prática lembro do vate a dizer:

” Não há motivo para festa

Ora esta eu não sei rir à toa

Fique você com a mente positiva

Que eu quero a voz ativa

Ela é que é uma boa” (Belchior, Conheço o meu lugar,1978). 

Hoje, infelizmente, boa parte dos que ousam falar bem da educação e valorização de professores e professoras, geralmente nunca entraram em uma sala de aula para ensinar. Ao falar bem da educação e dos professores e professoras, na verdade, essas pessoas estão falando bem de si mesmos. Querem demostrar para os que ouvem que são inteligentes, conscientes ou entendedoras da causa. Mas geralmente talvez nunca foram uma reunião do filho ou da filha na escola.

É isso… Um sincero abraço a todos e todas que decidiram encarar essa missão, pois ensinar é uma missão, não uma mera profissão.  Uma missão árdua que a cada dia luta contra a falta de lógica de um sistema desumano, e também contra muitos que fazem de tudo para a maioria continuar na ignorância. Em uma missão a finalidade é resistir.  Assim estamos, nós profissionais da educação, resistindo; sobretudo contra muitos que na educação inventam de estar.

Abraço aos colegas professores e professoras nessa missão muito desvalorizada, mas extremamente necessária para qualquer nação, povo, país ou lugar do mundo em toda a História da humanidade.

É isso… Feliz? Orgulhoso? Orgulhosa?  Sim! E muito! Nós profissionais da educação somos felizes e orgulhosos por termos encontrado alguém que com amor nos ensinou, nos ajudou a entender o mundo e nos fez inquietos!

Felizes e orgulhosos? Orgulhosas? Sim! Sobretudo com alguns como nós que rompem, não se curvam diante do poder e da máquina que rege as relações humanas!

Felizes e orgulhosos? Orgulhosas? Sim! Pois o conhecimento nos faz mais humanos e não nos deixa iludidos com a lógica irracional do lucro!

Felizes e orgulhosos? Orgulhosas?  Sim! Pela missão de tentar ajudar e conseguir plantar a semente da inquietação em alguns assim como um professor ou professora fizeram isso em nós!

Felizes, orgulhosos e orgulhosas pela missão, mas jamais conformados com o que nos cerca!

 

Professor Américo Neto.
Contato: [email protected]

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