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AMERICANDO: O que a palavra nos faz ser e sentir…

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“E disse Deus: Haja luz; e houve luz” (Gênesis 1:3)
“Sei que, às vezes, uso
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?”
(Legião Urbana, Quase sem querer, 1986).

É justamente isso que revela a força daquilo que a palavra faz… Reside a força
da palavra no sentimento evocado após ser dita, escrita ou no seu silêncio. “Se faça
luz!” A luz se fez, porque essa palavra teve forças… Ao ser dita a palavra processa-se
tanto em quem diz, tanto em quem ouve. Algo foi dito, por exemplo, quem ouve às
vezes reage com outras palavras, ações violentas ou simplesmente age em silêncio.
Nada diz, absorve-se e em conflito processa-se… O silêncio na verdade grita nessa
configuração de coisas.
A palavra mata e faz viver. Alegra e entristece, inicia, finaliza coisas, fatos e
tudo envolve sentimento. A palavra é ação até quando produz omissão. O não dizer e
nem fazer nada após uma palavra pronunciada também é dizer. O silêncio diz e faz
muita coisa. A omissão após a palavra também é ação.
A palavra mata e faz viver mesmo quando aparentemente nada faz. O silêncio
das palavras é um grito terrível… Corre o tempo, eras, idades e praticamente tudo carece
da palavra escrita, dita ou não dita. Muitas palavras ao longo do tempo foram ditas e não
ditas. O silêncio da palavra é também palavra silenciosa que grita justamente pelo poder
do silêncio… Alguém certa vez disse “Eu te amo” e se deu uma vida… Outra vez alguém
disse “Não dá mais” e algo morreu… Certa vez vi uma senhora bem idosa, negra,
cabelos grisalhos e muitas rugas no rosto e ao redor dos olhos. Eu a olhei, ela me olhou
com aquele olhar profundo, sem brilho e com aparência de dor. Nada me disse, mas eu
senti que o momento era triste, bem triste. Eu era uma criança e não entendia muito de
tristeza, mas sentia o momento triste. Após alguns segundos ela fechou os olhos e
morreu… Não ouve palavra, mas eu senti e entendi tudo pelo silêncio que a palavra fez…

Por Américo Neto.
Contato: [email protected]

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