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Americando

Americando: O outsider

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Nesses tempos pandêmicos, a tecnologia pode nos ajudar a diminuir distâncias, a dialogar, a dividir angústias, sobretudo desabafar… Enviei o texto abaixo para um amigo por meio do WhatsApp…

A questão é dramática… sempre estamos a murmurar… a expor incômodos, a inconformidade do tempo presente e até do que passamos… Meu irmão, a situação não foi, não é e nunca há de ser satisfatória… a sociedade e seus indivíduos só falam bem de professores e educação quando isso soa como imagem e ações de autopromoção pessoal, ego, algo do tipo para dizer que aquele a falar e suas ideias são algo inteligente, da causa, preocupação constante de um cidadão de bem e pessoa íntegra… contudo tal indivíduo nunca vai ou foi a uma reunião na escola…

O farisaísmo hoje é explícito em todas as instituições, relacionamentos e qualquer atitude de qualquer um de nós é vaidade, ego, necessidade de reconhecimento e carência… Estamos sobretudo carentes, sem referências que sirvam de fato, não de palavras… estamos órfãos de líderes institucionais que nos inspire não ao fanatismo de tietes, mas a um modo de viver e agir… está falido o nosso estabelecimento social, espiritual, político e profissional… eis uma grande e dolorosa realidade… realidade esta que nos priva da liberdade, do prazer de viver… Não temos de forma demasiada o prazer em viver… suportamos a realidade e nos queixamos dia após dia, pois não nos moldamos ao rebanho que finge que está tudo bem e sabota a mente em não querer ver a realidade… Nós a vemos e somos personas não gratas por expor esse punhal que corta e faz uma chaga chamada realidade…

Outra coisa, caro amigo, amar é sofrer… inegavelmente o amor exige a contrapartida do sofrimento… a simbologia disso foi representada no Gólgota… viver é aproximar-se do fim… A velhice nos traz, ou pode, trazer um bom conhecimento das coisas…, mas é decadente… a mente sabe, quer, sente, mas o corpo não mais responde…O inominável, o impensável e a dúvida nos espera… e pior, somos cristãos, como ter dúvida? Pior… temos… podemos não saber como ela é… mas temos… muitas dúvidas, muita coisa que não encaixa, mas um sentimento que não sabemos bem o que é traz um consolo frente ao mistério morte… Acho que é fé, extensão daquilo que não entendemos e chamamos de Deus…

Um sentimento me invade… até aqui sinto que nada fiz… e o que fiz vejo que não deu certo, e se algo deu certo foi por conta Daquilo que atribuo a Esse Ser… de forma prática e idiota o que dá errado é minha culpa… o que deu certo foi Deus… Filosoficamente não tenho nenhum receio em dizer isso frente a contradição e disparidade lógica… por quê? Não sei…, mas não me importa também saber… embora paradoxalmente importa-me fazer as coisas certas e ver a contradição da vida a me ferrar… Lutamos e a lógica da sociedade nos pune… enraivecido frente a desigualdades sociais, racismos, preconceitos, corrupções, falta de lógica das instituições…, mas não ligo para minha falta de lógica frente ao mistério da vida caminhando para morte ao atribuir o bom a Deus e o ruim a mim… Essa grande contradição não me perturba…, mas as outras sim… por que não sou assim em relação às outras? Por que não somos? Uma coisa existe que mantém e faz continuar… não sei o que é… chamamos de Deus… a revolta vem, a angustia, a inconformidade, mas algo perene no íntimo não me faz perder a esperança…

Eu não sei explicar, eu apenas sinto, não sei dizer como eu sinto, mas sinto e isso que há, essa vontade de mesmo achando o mundo uma merda e continuar sem vontade, e depois surge algo não sei como, que dá força pra não desistir… chamo de Deus… que também não entendo…, mas É… É o É que eu não sei o que É Esse É… Persiste… e a morte não me traz medo, insegurança ou prazer… apenas, seguramente… curiosidade…

O mundo é foda…é foda suportar o que suportamos… família, trabalho, política, os outros, nós mesmos, o tédio, o ódio, a dor, a espera, a partida, o não ir, a dúvida, o amor em suas faces…. tudo é muito foda… sobretudo, caro professor, a falta de paz oriundo do saber…

A fé não se explica… Deus não entendemos…e aí? O que fazer? Não sei… o mundo exige algo que não temos… existem coisas, aliás, muitas coisas que não temos… lembro de uma: ser normal com esforço frente ao absurdo da anormalidade geral… geral mesmo… sobretudo nas esferas espirituais e materiais no nosso jeito humano de ser… e fazer… A vida é foda… o mundo é foda e nós estamos dia após dia nos fodendo… e continuando… Por que não somos indiferentes a tudo assim como somos indiferentes a nossa falta de lógica de crer? Ou achar que cremos? Deveríamos ser indiferentes à vida banal tal como somos frente a falta de lógica de nossa fé… É isso… estoicismo pode ajudar…, mas não resolver… indiferença pode ajudar, mas sentiremos…

  • Por Américo Neto.
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