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AMERICANDO: O deslumbramento da arraia miúda – plebe

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“As ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes” (ENGELS, F; MARX, K. 2007. p.72).

Parte II

Quis o destino que eu tivesse conhecimento de outro tipo social oprimido na ânsia voluntária de também ser opressor. Moça incauta, oriunda de zona rural, muita privação na infância e adolescência. Filha de país agricultores, pessoas humildes, corretas, trabalhadoras e que frequentam uma determinada comunidade religiosa.
Saiu da zona rural para morar na cidade, o que os livros de geografia lá dos anos 90 do século passado chamavam de êxodo rural. A jovem carece de alguns requisitos para uma sociedade tecnológica em evolução. Não quis fazer ensino superior, não gostava de estudar, aliás, nunca gostou; não ler nem o livro religioso que diz seguir. Outras tantas coisas ainda lhe desfavoreciam e desfavorecem no meio social ao qual inventou de querer tentar entrar. Ela traz as marcas de uma infância sofrida, estatura baixa, muito magra e por mais que se cuide com cosméticos e frequente salões de beleza, a sociedade atual não cultua com desejos suas formas corporais, as quais não apresenta nádegas e pernas salientes, requisitos que a maioria dos homens hoje buscam.
Essa jovem foi trabalhar em uma empresa privada, na qual possuía ou ainda possui contato com pessoas influentes, ricos de fato. Da zona rural de onde era originária até a cidade a metamorfose da borboleta surgiu! Virou elitista, só gosta de coisas caras, restaurantes refinados, roupas caras, poder pagar é outra questão; e acha melhor a festa do que o acontecimento que veio a possibilitar a festa. Ou seja, prefere mais a cerimônia do casamento, o bolo, os salgadinhos, as fotos, a festa e a exuberância do momento do que de fato a vivência de uma vida a dois. Prefere o espetáculo, o aparecer ou o parecer que parece. Como assalariada certamente qualquer gasto que faz pesa no orçamento. Aparência é a questão… Um detalhe importante. Rapazes pobres assim como ela, oriundos do mesmo lugar que ela veio ela não quer, procura gente da elite para se relacionar, embora não se tenha notícia de que ela já namorou algum filhinho de papai. Ela já tem algumas primaveras… e o príncipe encantado ainda não apareceu, se apareceu, talvez questões religiosas, ideológicas com tom preconceituoso ou o pretendente não tinha lá as etiquetas que ela julga ter e exige. Aí… não deu certo… a busca continua…
Ela ainda conta com a ajuda dos pais, pois se assim não fosse não teria alguns momentos de pobre premium em exibições em redes sociais. Possui grande preconceito contra as minorias, outras religiões diferentes da sua, odeia os movimentos socias que lutam e reivindicam direitos para os trabalhadores, odeia os partidos e os políticos que não sejam aquele que o líder espiritual orienta a votar, odeia sobretudo os pobres que necessitam dos programas sociais, pois entende e acha que o povo não quer trabalhar por causa das ajudas e assistencialismo do governo. Basicamente é muito devota do sistema econômico que lhe oprime, assim como é devota do patrão. Apesar de ter um filtro religioso, porém usa a religião para justificar a cosmovisão que possui, e vai toda semana ao líder espiritual ouvir concelhos, para assim proceder em todas as esferas da vida.
É muito hilário quando vejo esse tipo social pela rua… O sorriso é enferrujado, a consciência sabotada e a fé religiosa que diz possuir na verdade é uma tentativa de extirpar o medo do inferno, a culpa que possui pelas traições que comete com a própria consciência e a ganância pelo vil metal, pois procura Deus para os próprios objetivos pessoais.
Os oprimidos continuam oprimidos pelos opressores e por outros oprimidos que acham que venceram.

Por Américo Neto
Contato: [email protected]

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