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AMERICANDO: A primeira vez que ouvi Belchior

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“A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia

E pela dor eu descobri o poder da alegria

E a certeza de que tenho coisas novas

        Coisas novas pra dizer”

 (Fotografia 3×4, Belchior, 1974).

 

 As coisas simplesmente acontecem, a despeito de percebermos ou não. Geralmente sentimos, embora não nos demos conta, nem tão pouco tenhamos total ciência do que sentimos, os porquês e como sentimos o que sentimos. Foi algo mais ou menos assim, digo, algo relacionado a isso que na verdade me fez ter uma consciência por que e como sentia o que sentia e sinto…

Creio que foi no ano de 2004. Eu estava em um bar lá na rua do esgoto, próximo a escola Carlota Távora. Na ocasião eu assistia uma partida de sinuca entre dois amigos e esperava a minha vez. O dono do bar colocou um CD e passamos a ouvir uma música.

O dono do bar após isso começou a explicar a letra de uma música que no som começou a tocar… Como estava esperando a minha vez na sinuca, passei a prestar atenção, simultaneamente, na música e sua respectiva letra, e no que o senhor explicava… A música era “Apenas um rapaz latino-americano” do Belchior. Atenciosamente escutava a música e o que o senhor falava. A explicação era condicionada ao contexto de evolução da música, ao que ela comunicava.  Depois tocou “Fotografia 3×4”, também do Belchior, e continuava a ouvir com muita atenção e vez ou outra, nessa música, também o senhor dono do bar soltava explicações ou dizia frases relativas à música, como: “Essa música é minha história!”, “Fui pra São Paulo jovem, sofri e essa música conta a história de quem vai pro Sul”, “Música do Nordestino que vai pra São Paulo” e outras alusões… Na ocasião eu contava com 20 primaveras e veio-me um misto de pensamentos e sentimentos assim: “ Esse cara canta tudo aquilo que penso e sinto e não sei dizer…”. Foi assim… lá se vão 20 anos e desde aquele dia Belchior passou a fazer parte de meu itinerário musical, sentimental, filosófico e existencial… Cuidado, caro leito, vicia… Belchior não se ouve… sente-se…

*Por Américo Neto

Contato: zeamericoneto@hotmail.com

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