AMERICANDO: A história de uma viagem

“Tem, tem, tem, tem dois neguinhos
Tem, tem, tem, tem dois neguinhos (iiiiiiihhh)
Tem, tem, tem, tem dois neguinhos (como é que é meu povão)
Tem, tem, tem, tem dois neguinhos
Um morava na Jamaica
Outro mora no Brasil
Um se chamava Bob Marley
Outro é Gilberto Gil
Eu falei pra vocês”
(Dois Negrinhos, Celso Bahia)

Não foi uma entrada no barco da emoção barata… foi uma viagem de alívio, esperança e alegrias por todos os lados… Alívio após 4 anos de destruição, fome, morte, mentiras e corrupção; esperança porque todos tinham ainda a chama acesa dos anos passados na companhia do empoderamento das classes subalternas; e a alegria foi um misto de toda uma latinidade em meio a uma primavera que os ventos da irracionalidade tresloucada do orgulho de ser tosco, alienado, irracional e sem lógica não conseguiram destruir o jardim do povo…

Quatro professores foram nessa viagem… barco do alívio, esperança e alegria após anos de luta contra golpes, desinformação, irracionalidade, preconceitos e toda forma de ações para destruir um povo e suas instituições… O Amor venceu o ódio irracional… este é sempre irracional, canta a esperança, após ela mesma já ter vencido o medo anos atrás… Essa lembrança nos fez lutar a cada dia e as grades de uma prisão foram abertas para um povo voltar a sonhar em ser livre e próspero!

Cortamos o Nordeste pelo Piauí… como o Piauí é extenso! Vários rostos, casas, vilas, esquinas de um país que passou anos em pleno descasos com as classes populares. Em sala de aula vimos isso, a desinformação a todo vapor, pais que viam à escola reclamar do modo dos professores se expressarem em sala. Por quês? Não sabem? Os maiores inimigos da educação comandavam as ações da mesma! Se a ideologia era sucatear esse setor tão necessário as classes populares eles fizeram muito bem com reformas , discurso contra o magistério e muitos com mentes sequestradas pela enxurrada de Fake News tentaram nos persegui pelo nosso trabalho em sala de aula. Detalhe, esse povo nem formado era e nem tão pouco entrou em uma sala de aula para ministrar qualquer conteúdo…

Chegamos na Bahia e cortamos parte do seu território… na bagagem da memória uma porção de flashes de anos de luta… e no sentir um especial alívio… Como o Piauí e a Bahia, esta um pequeno trecho que percorremos, têm belas paisagens, plantações, serras, uma vegetação extraordinária! Que artista és como Tu Deus!? O Qual também É tudo aquilo que quero entender e não entendo… Maravilhas de uma vegetação e presenciamos nos dias de estrada dois pores de sol… Dormimos em Correntes no Piauí após o primeiro dia de estrada e no outro dia após mais de 20 horas de viagem chegamos ao Distrito Federal.

Na capital do Brasil conheci pessoas que só via nas redes sociais como o camarada Fernando, marido de minha prima, ficamos hospedados na casa deles. Creio que após o alívio de extirpar um mal que maltratava nossa sofrida gente desse imenso país, o Fernando foi a melhor coisa dessa viagem. Ele é do Piauí, do município de Porto. Um ser humano humilde, fraterno, solidário, amigo e hospitaleiro. Demorei anos para conhecer essa alma boa, mas finalmente conheci. Um gentleman! Chegamos no dia 30 de janeiro no fim da tarde. No outro dia participamos dos festejos de ano novo na companhia mais do que hospitaleira do Fernando e sua esposa Viviane, minha prima. Uma virada de ano que nunca me esquecerei…

Fomos ao Congresso Nacional em 01 de janeiro de 2023. Ficamos em meio à multidão na Esplanada dos Ministérios. Todos em uma só harmonia, alívio, empatia, solidariedade latina de um povo sofrido, mas que lutou com bravura, na fé e esperança para esse dia. Nós índios, pretos, latinos e o mundo lá estavam naquela grama… música, festa, sol, abraços, gritos de alívio e sobretudo empatia… O povo brasileiro escolheu o amor ao ódio, escolhemos a lógica à irracionalidade e o sentimento que certamente mais envolveu aquele dia foi alívio… O Amor venceu e o “Filho do Brasil” voltou à Presidência da República! Não pela sigla de um partido, não por um histórico sem falhas, mas pela democracia, pela lógica e pelo amor que foi esquecido e substituído pelo ódio irracional. Pasmem, muitos cristãos estavam e quiçá ainda estejam do lado irracional que infelizmente matou muitos durante um período triste e sem precedentes em desumanidade, corrupção, mentiras, irracionalidade, desmonte das instituições e mortes da história de nossa República.

Ainda na festa do alívio em plena a Esplanada dos Ministério, na espera de ver o Presidente e Vice-Presidente da República eleitos e suas respectivas damas, conheci um camarada do Espírito Santo. Ele me falou de como havia sido para ele os últimos anos do governo cruel. Ele trabalha em um hospital militar e me revelou que em seu local de trabalho o clima era muito ruim, de perseguição, de preconceito por ele ser nordestino e também não apoiar a política que vigorava. Graças a Deus tudo passou… em dado momento eu estava a procurar água para beber após gritar, pular e ver a comitiva presidencial acenando para nós na plateia. Esse camarada que mora em Vitória prontamente me deu uma garrafinha de água mineral que estava em sua posse. O clima era esse… solidariedade, amizade, alívio, esperança e empatia para todos os lados…

Quatro professores lá estavam… foi essencialmente e redundantemente aliviante… Várias pessoas se aglomeraram em um pequeno trio elétrico improvisado no qual dançamos músicas da nossa cultura essencialmente brasileira… Havia inegavelmente uma grande latinidade no ar… um ar nordestino que nós levamos mesclou-se com outras faces do Nordeste que lá estavam… Foi maravilhoso… fraterno… aliviante … resiliente e a empatia era visível em cada rosto, bandeira, camisa e palavras…

Voltamos para o Ceará no outro dia. A volta se deu na cadência de contarmos tudo que aconteceu, inclusive de gente que se irou com a vitória do povo e teima ainda em propagar ódio… O essencial é que vencemos, foi histórico! O povo venceu e temos lembranças da luta e do momento metonimicamente aliviante… Ficaram lembranças, amizades, empatias, resiliência, fotos, vídeos e a vontade de voltar a ver quem vimos em Brasília e sobretudo Amor… o mais nobre dos sentimentos sem sombras de dúvida seria ele o sentimento a vencer o ódio… O Amor venceu! Graças a Deus!

Por Américo Neto
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