Brasil
Bolsonaristas põem a República de joelhos sob os olhos da PMDF
Acumulada desde as eleições, a retórica bolsonarista de violência golpista explodiu ontem numa série de ataques às sedes dos Três Poderes sob o olhar complacente da Polícia Militar do Distrito Federal, levando à decretação de intervenção federal na área de segurança do DF pelo Executivo e ao afastamento por 90 dias do governador Ibaneis Rocha (MDB) por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Grupos criminosos saíram da frente do QG do Exército, incluindo os que chegaram a Brasília em uma centena de ônibus no fim de semana, tomaram a Praça dos Três Poderes e, por volta das 15h, invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. Alguns dos terroristas usavam máscaras de gás e capacetes. Enquanto a invasão acontecia, PMs filmavam e conversavam com os criminosos sem intervir. No Planalto, os golpistas roubaram as armas do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O estrago já estava feito quando, após a decretação da intervenção, a polícia começou de fato a agir. Segundo as autoridades do DF, 300 pessoas foram presas, e o controle dos prédios públicos foi retomado por volta das 20h. Ibaneis Rocha chegou a gravar um pedido de desculpas a Lula e aos presidentes dos Poderes.
À tarde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava em Araraquara (SP), decretou a intervenção, afirmando que as autoridades do DF tiveram “incompetência, má vontade ou má-fé”, especialmente após os atos de vandalismo no dia de sua diplomação. Ele responsabilizou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem se referiu repetidamente como “genocida”. Secretário-executivo do Ministério da Justiça e homem de confiança do ministro Flávio Dino, Ricardo Capelli será o interventor. Lula voltou a Brasília à noite e vistoriou os estragos no Planalto e no STF. O presidente convocou para hoje uma reunião com os 27 governadores para discutir ações contra os movimentos golpistas pelo país.
Já era início da madrugada quando o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou o afastamento do governador Ibaneis Rocha por 90 dias. A decisão, tomada no âmbito do inquéritos dos atos antidemocráticos, atendeu a um pedido da Advocacia-Geral da União e do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Segundo o ministro, os crimes de ontem “somente poderiam ocorrer com a anuência, e até participação efetiva, das autoridades competentes pela segurança pública e inteligência, uma vez que a organização das supostas manifestações era fato notório e sabido, que foi divulgado pela mídia brasileira”.
De fato, não foi por falta de aviso. Grupos bolsonaristas articulavam a ação em Brasília abertamente em redes sociais desde, pelo menos, terça-feira. Nas mensagens, organizavam-se viagens “com tudo pago” para a capital federal e, prevendo enfrentamentos, convocam-se ex-policiais e outras “pessoas com porte de arma”. O grupos começaram a se deslocar para Brasília na sexta-feira, sem que um esquema reforçado de segurança fosse montado no Distrito Federal.
Os criminosos deixaram um rastro de destruição nas sedes dos Três Poderes, como mostra um vídeo gravado pelo repórter Marcos Losekann no STF e outro divulgado pela Secretaria de Comunicação da presidência com os estragos no Palácio do Planalto.
Jair Bolsonaro só se manifestou seis horas após os ataques. Dos EUA, disse que atos violentos “fogem à regra” e os comparou a atos da esquerda em 2013 e 2017, embora em nenhuma dessas ocasiões as sedes dos poderes tenham sido invadidas. Ele também negou envolvimento nos ataques. “Repudio as acusações, sem provas, a mim atribuídas por parte do atual chefe do Executivo do Brasil”, concluiu, no primeiro reconhecimento público de que Lula é o presidente.
Além de Lula, os líderes dos demais Poderes reagiram ao ataques terroristas. A presidente do STF, Rosa Weber, disse em nota que a “Suprema Corte não se deixará intimidar por atos criminosos e de delinquentes infensos ao estado democrático de direito”. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além de condenar a invasão, cobrou que os senadores “independentemente de posições ideológicas ou políticas”, se manifestassem em defesa do Parlamento. Ele marcou para hoje uma sessão do Congresso para confirmar a intervenção na segurança do DF. Aliado de Bolsonaro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que o Congresso “não dará espaço para vandalismo e baderna”.
Nos bastidores, os ministros do STF responsabilizam o ministro da Defesa, José Múcio, por conta de sua “ação fraca” diante dos atos antidemocráticos. Ele defendia que as manifestações estavam se esvaziando naturalmente, o que se mostrou falso.
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