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Prepare-se para não depender dos filhos, eles podem não ter condições de ajudar

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Quem está na casa dos 50 e 60 e frequentou uma universidade deve lembrar-se bem de como o curso superior era quase sinônimo de logo arranjar emprego e dar os primeiros passos como adulto independente. Essa mesma geração assiste, aflita, à dificuldade dos filhos para engrenar uma carreira: além da faculdade, os jovens fazem mestrado, MBA e encontram um mercado de tralhado mirrado, com salários baixos e exigências altas. O quadro se repete em outros países.

Na semana passada, o jornal britânico “The Guardian” publicou reportagem mostrando que a chance de um adulto jovem de renda média comprar um imóvel na Grã-Bretanha encolheu pela metade nos últimos 20 anos. Devido à explosão dos preços de imóveis, em 2016 apenas 27% haviam se tornado proprietários, contra 65% duas décadas antes. No fim do ano passado, o mesmo jornal divulgara estudo da organização The Resolution Foundation, que faz análises sobre os padrões de habitação do país: de acordo com o levantamento, nas próximas duas décadas, dobrará o número de imóveis que mudarão de mãos através de heranças.

O pico dessa transferência se dará em 2035, quando os herdeiros da geração baby boomer se beneficiarão da riqueza acumulada por seus pais. No entanto, já serão cinquentões ou sessentões. Isso só mostra como os nascidos entre o fim da 2ª. Guerra Mundial e o início da década de 1960 tiveram chances muito maiores de enriquecer do que seus rebentos.

Por isso, a melhor coisa que você pode fazer por seus filhos é garantir seu próprio futuro, para não depender deles. Em primeiro lugar, porque isso abalaria sua autoestima e autonomia, ou seja, seu controle sobre as decisões relacionadas à sua vida. Em segundo, porque podem ser precárias as chances de eles serem capazes de bancar seu sustento, mesmo que, legalmente, o Estatuto do Idoso garanta esse direito aos mais velhos. O primeiro passo – e talvez o mais difícil – é não comprometer sua renda oferecendo assistência financeira à prole.

Lembre-se que a expectativa de vida aumentou e facilmente você chegará aos 80 ou 90 anos. Essa ajuda só é razoável se for temporária: num período de desemprego ou logo após uma separação. Não pode se tornar uma situação permanente e que inclusive embute o risco de abusos à medida que você envelhecer. Aliás, se um filho ou filha trabalha e ainda mora em sua casa, não encare como generosidade o fato de esse adulto em idade produtiva não ajudar nas despesas. Pelo contrário: com dinheiro sobrando, é bem provável que ele não faça poupança e gaste em supérfluos. Mais preocupante ainda é o crescente número de avós que pagam despesas dos netos, muitas vezes descuidando da própria saúde!

Esse “abismo” entre as gerações tem provocado intenso debate na Europa. A Intergenerational Foundation criou um índice para medir a desigualdade que ameaça os millenials – os nascidos entre 1980 e meados da década seguinte – mas é preciso cautela para não transformar uma boa causa numa guerra contra a geração baby boomer. No livro “Como envelhecer”, da jornalista Anne Karpf e que já foi abordado nesse blog, há um capítulo dedicado à gerontofobia na História mundial. Sim, horror aos velhos. Na Sardenha, os idosos eram empurrados dos desfiladeiros; em áreas remotas do Japão, os velhos eram mortos e serviam de refeição para os adultos. Na verdade, a convivência intergeracional é que ajudará a resolver o problema, buscando alternativas que aproximem as pessoas, em vez de afastá-las. “A falta de contato de pessoas jovens com pessoas velhas não apenas as encoraja a acreditar que nunca vão envelhecer como também trata as pessoas velhas como se nunca tivessem sido jovens”, escreve a autora.

Fonte: G1

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