Policial
Polícia irá pedir mais tempo para investigar morte de empresária

Um suposto suicídio começou a ser investigado pela Polícia Civil há um mês. Então, uma reviravolta se desenhou e os investigadores encontraram indícios de que a morte da empresária Jamile de Oliveira Correia foi um feminicídio. O advogado Aldemir Pessoa Júnior, namorado de Jamile, foi apontado como suspeito. Provas foram colhidas e testemunhas, ouvidas. Mas o tempo ainda não foi suficiente para o inquérito ser concluído. A delegada Socorro Portela, titular do 2º DP (Aldeota), irá pedir à Justiça Estadual a prorrogação da investigação, mas ainda não foi definido o prazo para a conclusão.
Jamile foi baleada no peito, dentro de um closet do seu apartamento localizado em um condomínio na Rua Joaquim Nabuco, bairro Meireles, em Fortaleza, na madrugada de 30 de agosto deste ano. Ela foi levada ao Instituto Doutor José Frota (IJF), onde o namorado informou que ela havia tentado se matar. Na manhã do dia 31, a mulher não resistiu às complicações do ferimento. No dia 1º de setembro, foi sepultada e, no dia seguinte, a Polícia começou a investigar o caso.
O Sistema Verdes Mares, com exclusividade, obteve informações e documentos referentes à investigação. Reportagem publicada no Diário do Nordeste no dia 17 de setembro último descortinou o caso. O 2º DP já tinha colhido depoimentos iniciais, inclusive do suspeito; realizado exames periciais; e levantado imagens de videomonitoramento.
No primeiro depoimento, Aldemir afirmou que ele e o filho de Jamile tentaram evitar o disparo, efetuado pela mulher. “Eu não a matei. O filho dela estava comigo no apartamento. Quer uma prova maior do que esta? Patrimônio por patrimônio, eu tenho o meu. Foi um disparo só. Nós íamos casar agora dia 18 (de setembro), no dia do aniversário dela. Foi um suicídio e, mesmo assim, de qualquer forma, tenho minha consciência tranquila”, afirmou, em entrevista concedida para a primeira reportagem.
As apurações continuaram. O exame residuográfico feito pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce) mostrou que não havia chumbo nas mãos de Jamile. A coleta foi realizada apenas às 16h40 do dia 31 de agosto, quase 48 horas após o disparo. “Portanto, o presente exame não pode ser considerado como prova técnica contundente, única e definitiva para se estabelecer uma correlação entre vestígio detectado ou não, e o fato questionado”, pondera o perito responsável pelo laudo.
Também elaborado pela Pefoce, o laudo cadavérico aponta que o tiro que matou Jamile “se deu de cima para baixo, ântero-posteriormente (pela frente do corpo) e da esquerda para direita”. Entretanto, o documento afirma que não é possível “determinar a distância do tiro pois o orifício foi modificado cirurgicamente”.
Já o exame feito na arma de fogo revelou que existia amostra de DNA de Jamile apenas na ponta do cano da pistola calibre 380 – e não no “cão” nem no gatilho. Também foi detectada a presença de DNA de Aldemir (que estava com a arma antes de ser apreendida) e do policial civil que realizou a apreensão, no ferrolho (parte lateral da pistola). A Polícia suspeita que a arma foi limpa nos outros locais.
Os investigadores também periciaram o apartamento onde foi efetuado o disparo bem como o veículo de Jamile, uma Cherokee Sport, de cor branca, no dia 23 de setembro último. O casal discutiu e a empresária foi até agredida pelo companheiro, dentro do carro, minutos antes do tiro, segundo imagens registradas por câmeras do condomínio. Depois, o veículo foi utilizado para socorrer a mulher até o hospital. Os advogados de assistência da acusação, assim como os de defesa acompanharam os levantamentos.
Peça-chave
Casal

Familiares da empresária, profissionais da saúde que a atenderam, a ex-esposa do advogado, entre outras pessoas, também prestaram depoimento ao 2º DP. Em entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares, o filho de Jamile, peça-chave do caso e testemunha do fato, revelou que o namorado da mãe o induziu a mentir no primeiro depoimento.
“Ele disse: ‘tu vai falar o que eu vou te falar agora porque essa delegada é chata, extremamente arrogante e pode até me acusar de ter matado tua mãe’. Eu fiz o que ele mandou. Eu tinha afeto por ele. Às vezes, ele me tratava bem e, às vezes, ele me tratava mal. Eu não consegui associar direito as coisas, não consegui raciocinar na hora”, contou o adolescente de 14 anos.
O filho de Jamile voltou atrás no segundo depoimento prestado à Polícia e confirmou a versão durante a perícia no apartamento onde morava com a mãe. Um vídeo, obtido pela reportagem ontem, mostra o questionamento feito ao jovem enquanto o closet é periciado. A delegada Socorro Portela questionou se o jovem viu a arma na mão de Jamile, mas ele não soube responder. Então, uma perita criminal questionou: “Depois do disparo, sabe onde a arma foi parar?”. “Não. Eu só vi ele saindo com a arma e botando em cima da televisão”, respondeu o adolescente.
“Ele sai do closet com a arma na mão?”, insistiu a perita. “É porque eu tinha perguntado: ‘Cara, por que tu botou em cima da televisão?’ Tipo assim, na primeira vez, quando a gente tava lá no IJF. ‘Porque ela é muito pequenininha, ela não conseguia alcançar’. Ele botou duas armas. Uma antes do disparo, que era a preta e a outra depois do disparo”, explicou o adolescente.
O jovem também reforçou, durante a perícia, que o advogado tentou induzir o primeiro depoimento que ele prestou à Polícia Civil. A delegada relembra que o garoto contou que, após o tiro, viu apenas o cabo da arma, dentro de um vestido. “E tu falou isso por quê?”, questionou. “Porque ele (Aldemir) tinha me pedido pra eu falar isso. Ele me pediu um dia depois. Ou foi dois. Não, foi depois do velório”, afirmou o garoto.
A reportagem ligou para Aldemir, que preferiu não falar e pediu para entrar em contato com a defesa, constituída pelos advogados Armando Costa Júnior, Giovanni Santos, José Carlos Mororó e Rogério Feitosa. A defesa sustenta a tese de suicídio. “O que existiu foi um suicídio, de acordo com profissionais de saúde que atenderam a Jamile e o que o próprio filho dela disse, no primeiro depoimento. Ela já tinha tentado suicídio ao ingerir medicação e ser levada ao hospital pelo ex-marido e pelo filho. A Polícia está fazendo um trabalho louvável. Nós estamos acompanhando e aguardando o final do inquérito”, disse a defesa.
Fonte: Diário do Nordeste
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