Ceará
Mais da metade dos casos no Ceará têm entre 25 e 49 anos
Mais da metade dos casos confirmados de Covid-19 no Ceará está concentrado entre pessoas de 25 e 49 anos. Essa parcela corresponde a 52,2% dos 2.070 pacientes que tiveram exames positivos para o novo coronavírus no Estado. Entre eles, a maioria está na faixa etária de 35 a 39 anos. Enquanto isso, a população a partir de 60 anos representa 23% dos infectados. Os dados são do boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) disponibilizado no IntegraSus.
A prevalência de resultados positivos entre pessoas mais novas é um bom indicativo, de acordo o médico infectologista Érico Arruda, professor de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e da Universidade de Fortaleza (Unifor). “É bom no contexto de que nós estamos conseguindo, pelo menos por enquanto, poupar os indivíduos mais velhos. Infelizmente, quando acometidos, são eles que têm maior chance de morrer”, explica.
O perfil de casos confirmados no Estado, segundo o médico, não tem relação com falta de testagem da população mais velha. O fato de não haver testagem ampla não mostra os números reais da epidemia, mas “não explica a proteção para os mais idosos”. “Isso nos leva a crer que seja por conta do distanciamento social que foi implementado. Mas é precoce dizer que vai se comportar assim sempre”, afirma.
Os médicos infectologistas Guilherme Henn, presidente da Sociedade Cearense de Infectologia (SCI), e Keny Colares, professor e pesquisador da Unifor, do grupo de pesquisa em virologia, concordam com Arruda. “Talvez, o que esteja fazendo a diferença é o grau de exposição maior da faixa etária intermediária. Acaba dando notificação de mais casos”, afirma Colares.
Para Henn, é “fácil” explicar o perfil mais comum entre as pessoas com Covid-19. Ele lista três fatores: a pirâmide etária brasileira — que está está envelhecendo, mas ainda não conta com tantos idosos quanto o países como a Itália —, essa parcela ser a maior parte da população economicamente ativa e as medidas de isolamento adotadas no Ceará.
“As pessoas que menos têm aderido ao distanciamento social são as pessoas nessas faixas etárias. Se você olhar para as imagens das pessoas se aglomerando, você vai ver idosos, mas muito mais gente nova. As pessoas que acabam saindo, que vão fazer a feira e que vão à farmácia são mais jovens. E as que quebram totalmente o distanciamento social também.”
Quando se observa o perfil de casos confirmados pelo gênero, há mais mulheres na parcela de 25 a 49 anos do que homens. São 572 confirmações, em comparação com os 508 pacientes do sexo masculino. Não existem fatores biológicos que diferenciem homens e mulheres em relação à Covid-19, e Henn aponta um possível fator comportamental.
“Acredito que seja só uma questão de que talvez as mulheres procurem serviços de saúde um pouco mais rapidamente do que os homens. Isso é visto em outras doenças, como doenças crônicas, mas não porque tem mais mulheres com a doença, mas por subdiagnóstico dos homens.”
Fonte: O Povo
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