Iguatu

Jovens dos movimentos culturais de Iguatu ocupam com arte a estação ferroviária abandonada

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Insatisfeitos com a falta de políticas efetivas para a cultura e arte na cidade, além da falta de espaços para receber espetáculos e apresentações, jovens ligados aos movimentos culturais da cidade realizaram neste último final de semana a Ocupação Cultural da Estação de Iguatu. Os integrantes da ocupação protestam por uma política de cultura e patrimônio onde os artistas da cidade sejam valorizados e o patrimônio histórico-arquitetônico da cidade possa ser preservado.

A programação oficial começou com uma roda de break-dance e hip-hop

O grupo também espera que por meio dessa ação a população da cidade possa conhecer melhor os movimentos artísticos e culturais da cidade. A ocupação iniciou com a limpeza do espaço ainda na sexta-feira, 11, e seguiu com programação cultural composta por shows, rodas de conversa, apresentações de dança, teatro e projeção de filmes, com todas as atividades abertas à comunidade.

Noite Cultural

A programação oficial começou com uma roda de break-dance e hip-hop e em seguida foi a vez da apresentação da roda de capoeira dos alunos do professor Mororó. Além do jogo de capoeira, Mororó apresentou um jogo de capoeira que era feito pelos negros livres nas ruas

Após a limpeza, ainda no final da tarde de sábado, a programação cultural começou com música ao vivo. Todo o material e estrutura para a programação foi conseguida pelos próprios ocupantes e a secretaria de cultura e turismo de Iguatu cedeu uma lona para as performances de dança e teatro. A programação oficial começou com uma roda de break-dance e hip-hop e em seguida foi a vez da apresentação da roda de capoeira dos alunos do professor Mororó. Além do jogo de capoeira, Mororó apresentou um jogo de capoeira que era feito pelos negros livres nas ruas. Ao encerrar a dança o capoeirista falou sobre a importância do movimento popular de ocupação de um espaço tão nobre e abandonado. Após a roda de capoeira a programação seguiu com apresentação de teatro da Associação Cultural Elo Vanguarda de Teatro, com um texto tratando da violência contra as mulheres. Após o teatro foi a vez da música, com o show da banda Rasttah e em seguida uma roda de conversa sobre o movimento. A programação cultural reuniu muitas pessoas e se estendeu até o início da madrugada. Nenhuma ocorrência policial foi registrada e todo o lixo produzido foi colocado em lixeiras espalhadas pelo espaço.

Programação contínua
Além das atividades de sábado, durante o domingo novas atividades culturais aconteceram, com roda de dança, debate, e projeção de curtas produzidos na cidade. O programa Studio Mais, da Rádio Educativa MaisFM, que acontece nos estúdios da emissora dessa vez foi transmitido direto da ocupação, com a apresentação de Luis Gustavo e Jan Messias, teve apresentação da banda Igroove transmitida ao vivo pela rádio e pelo canal no youtube. O Companhia Ortaet de Teatro apresentou uma esquete baseada em um texto de Luis Fernando Veríssimo chamada “Lixo”, com Andressa Lucena e Valder César. Os curtas apresentados tratavam da cidade, sendo o primeiro “Sala 3”, de Francisco Maciel, baseado em uma história de Campus Multiinstitucional. O segundo curta foi “Torre da Hora”, de Jan Messias, tem a participação do historiador Wilson Limaverde falando sobre o relógio da Igreja Matriz de Senhora Santana. O terceiro curta, Ocupação Filadélfia, de Carlê Rodrigues aborda a vida dos moradores da ocupação no bairro filadélfia, que reivindicam moradia digna.
A programação da ocupação é contínua e deve seguir pelos próximos dias com mais atividades culturais e debates. Todos os informes são feitos por meio da página oficial do movimento no facebook.

Mobilização nas redes sociais
O movimento para ocupar a estação abandonada, agora Estação Cultural de Iguatu(CLIQUE AQUI), teve origem em conversas informais entre amigos preocupados com o estado do prédio e a importância dele para a História de Iguatu. Após algumas conversas se decidiu lançar o movimento nas redes sociais, onde passou a ter adesão de muitas pessoas, não apenas do movimento cultural. Em pouco mais de duas semanas o grupo realizou reuniões presenciais de planejamento das ações e assim tomou corpo a ocupação cultural do espaço antes marginalizado e depredado. O símbolo do evento foi feito pelo fotógrafo, músico e design gráfico Bruno Lima, do coletivo Hard-Flash, baseado em uma foto do prédio ocupado.

A limpeza do local

Os trabalhos começaram ainda na sexta-feira com o início da limpeza do prédio, que estava bastante depredado e vandalizado, com parte das instalações queimadas por um incêncio recente. O trabalho foi feito por jovens voluntários que se

O trabalho foi feito por jovens voluntários que se distribuiram nas diferentes tarefas da limpeza. Além da grande quantidade de entulho, havia muito lixo e fezes humanas espalhadas pelos dois andares do prédio.

nas diferentes tarefas da limpeza. Além da grande quantidade de entulho, havia muito lixo e fezes humanas espalhadas pelos dois andares do prédio. O local também apresentava diversas pixações feitas ao longo do tempo de abandono, com algumas datadas de 2008. O espaço foi bastante vandalizado, tendo as portas roubadas e a estrutura interna bastante abalada, com banheiros destruídos e fiação roubada. O forro de gesso do piso superior foi praticamente todo destruído. O material para a limpeza foi conseguido pelos próprios jovens, que também receberam doações de material de pessoas que apoiam a causa. Na manhã de sábado, 12, os primeiros voluntários começaram a chegar ao local às 7 da manhã. No início da tarde todo o prédio estava limpo, com o piso lavado e entulho retirado. Os moveis que estavam no local foram limpos e colocados em seus lugares e o material de acervo e documental encontrado foi catalogado e guardado para ser depois estudado. Entre os documentos, dados da ferrovia, fotos, bilhetes de passageiro e mapas ferroviários. Muito desse material se perdeu em um incêndio criminoso que destruiu dois cômodos do piso superior.

Espaço histórico e abandonado

Situada em área central da cidade, a estação ferroviária conta mais de 100 anos de história, tendo sido o ponto principal para interligação da cidade com a capital. A história da estrada de ferro em Iguatu é tema de livro do historiador José Wilton Montenegro. Na obra ele ressalta a importância da estrada de ferro para o desenvolvimento da cidade. Apesar da importância histórica, o local se encontrava em situação de abandono, tendo sido vandalizado e gerando preocupação na população que mora das proximidades.

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