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Hemoce amplia coletas de medula óssea em 2016

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Com quatro processos de doação de medula óssea ocorrendo simultaneamente, o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), unidade da rede pública de saúde do Estado, atinge um novo número de coletas de medula óssea para transplantes realizados em outros estados e países: além dos transplantes, são 11 coletas que resultaram em transplantes alogênicos (quando a medula não é a do paciente), tanto aparentados quanto não aparentados. Antes, o melhor resultado havia sido em 2013, com seis coletas.

Este é o melhor número desde que o Ceará passou a utilizar o método de coleta por aférese (método que “filtra” células-tronco do sangue do paciente, dispensando cirurgia e encerrado em aproximadamente quatro horas), em 2002. Desde então, foram realizadas 25 coletas que resultaram em transplantes alogênicos, sendo 15 no Brasil e 10 para outros países: Estados Unidos, França, Itália, Portugal, Canadá, Argentina, Holanda e Turquia. Logo no início de janeiro de 2017 este número vai subir para 27 coletas.

Os candidatos à doação das quatro coletas em curso vieram dos estados de São Paulo, Piauí e Rondônia para participar de diferentes processos: work up (pesquisa para saber se o candidato compatível está apto a doar), internação preparatória e coleta por aférese. Quando transplantadas, estas medulas devem mudar as vidas de pacientes no estado de São Paulo, na Inglaterra, na Itália e nos Estados Unidos. As identidades, tanto dos doadores quanto dos receptores e as respectivas cidades onde residem são mantidas em sigilo por no mínimo dois anos, por exigência legal.

Estas coletas coincidem com a Semana Nacional de Mobilização para Doação de Medula Óssea, que é realizada entre os dias 14 e 21 de dezembro e visa conscientizar a população sobre a importância da doação e atualizar os cadastros já existentes no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea – REDOME, órgão vinculado ao Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Um destes doadores mora no sertão do Piauí, a cerca de 400 km do hemocentro mais próximo. Mas a distância não foi empecilho para que ela fizesse uma campanha na sua cidade em prol da doação de medula óssea. “Eu sempre quis ser doadora, mas não podia nem me cadastrar por causa da distância. Até que um dia uma adolescente foi diagnosticada com leucemia e eu, junto com um grupo de pessoas da paróquia e da escola onde trabalho, resolvi rodar a cidade inteira para conscientizar as pessoas. Afinal, se não servisse pra ela, ia servir pra alguém. E assim foi. Ela não resistiu, mas eu estou aqui, orgulhosa por dar uma segunda chance pra alguém que não sei quem é e nem de onde é”, explica.

Passo a passo

A chance de encontrar um doador compatível é de uma a cada 100 mil pessoas, por isso a necessidade de ampliar o cadastro e, principalmente, de manter os dados atualizados. Todos os candidatos são registrados no REDOME e, para aumentar as chances de transplante, diversos países do mundo compartilham os seus cadastros de doadores, o que torna possível que a medula de um cearense possa curar, por exemplo, uma pessoa que sofre de leucemia na Nova Zelândia e vice-versa.

No ato do cadastro, é coletada uma amostra de sangue para exames. Quando é constatada a compatibilidade, a pessoa candidata à doação é convocada e, caso concorde, começa o processo. O primeiro passo é o work up, que consiste em uma série de exames para determinar se a doação é viável ou não.

Caso seja, o doador passa a tomar, diariamente, por cinco dias em média, um medicamento conhecido como fator estimulador de colônias de granulócitos, responsável por estimular a produção de células-tronco na medula óssea. “São estas células coletadas do sangue que, quando transplantadas, fazem com que o organismo do paciente reconstrua um nova medula, saudável”, explica o coordenador dos núcleos de medula óssea do Hemoce e do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), Fernando Barroso.

Esta fase é acompanhada por uma equipe multidisciplinar do Hemoce e do HUWC, instituições parceiras em todas as coletas e transplantes realizados pela rede pública de saúde no Ceará. Um dia antes da coleta, o doador é internado para os últimos exames e para evitar possíveis náuseas e tonturas provocadas pelo fator estimulador. Por último é feita a coleta, utilizando equipamento de aférese. “Esta técnica dispensa cirurgias e punções na coluna vertebral, pois uma máquina ‘captura’ do sangue do doador estas células-tronco que o medicamento estimulou”, conclui Barroso.

Referência em transplantes

Além das coletas, o Ceará também é referência em transplantes de medula óssea realizados aqui, no HUWC, em parceria com o Hemoce. Desde 2008, foram realizados 293 transplantes do tipo e mais de 160 mil cadastros junto ao REDOME. Além de ser um dos nove estados capazes de fazer este tipo de cirurgia e tratamento, os transplantes feitos aqui tem uma taxa de sobrevida superior à media mundial: 95,3% contra 90%.

Até o final de 2016, terão sido realizados 67 transplantes, sendo 37 autólogos (com células do próprio paciente), 24 alogênicos aparentados, cinco alogênicos não aparentados e o primeiro haploidêntico (quando o doador não é totalmente compatível com o receptor). Este também foi o primeiro caso ocorrido no Ceará de doação feita pela mãe do paciente.

Assessoria de Imprensa – Hemoce

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