Financiamento imobiliário no Ceará cresce 7% em 2019

O financiamento imobiliário para compra de imóveis em construção ou usados movimentou R$ 1,356 bilhão no Ceará em 2019. Isso representa um crescimento de 7% se comparado aos dados de 2018, segundo aponta levantamento da Associação Brasileira das Entidades e Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Um total de 5.626 unidades habitacionais foram negociadas com recursos provenientes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) no ano passado.

Apesar de alta, o crédito imobiliário no Ceará segue desaquecido, já que o resultado de 2019 foi três pontos percentuais (p.p.) mais fraco do obtido no ano anterior. Na média nacional, a alta de 7% do Estado fica bem aquém dos 37% conseguidos pelos outros estados. Isso fez o Ceará ter o segundo pior desempenho, somente à frente de Sergipe.

O resultado do financiamento imobiliário cearense diz respeito ao bom desempenhos dos negócios envolvendo aquisições de imóveis já construídos. O crescimento foi de 22% – um dos desempenhos mais fracos entre os estados.

Já as operações de crédito de imóveis em construção apresentaram o pior índice nacional, com queda de 45% em comparação com 2018. Bem atrás da média nacional, que apontou evolução de 54% nesta parcela do mercado.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias, ressalta que esse movimento do mercado de crédito a partir dos recursos da poupança é a visão cautelosa do cearense, que num cenário de saída da crise pensa bem mais em aportar seus recursos no longo prazo.

Ele também lembra que o mercado imobiliário cearense vinha em franca ascensão entre 2012 e 2014, quando grande quantidade de lançamentos foram realizados. “Já no fim de 2014 e em 2015 tivemos pouquíssimos lançamentos”, lembra. Esse período de crise apenas foi amenizado em 2017, quando os financiamentos voltaram a crescer em ritmo lento.

A perspectiva para este ano é positiva. O presidente do Sinduscon-CE acredita que as incorporadoras voltarão a lançar novos empreendimentos a partir do segundo semestre. O diretor do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), Cláudio Gonçalves, analisa que um dos fatores para a ampla queda nos financiamentos de imóveis em construção diz respeito à ainda grande quantidade de unidades em estoque.

O diretor do Ibef-CE estima que com a retomada dos financiamentos e venda dos estoques, a demanda da construção civil retornará e o número de vagas de emprego no setor geradas aumentará, remediando o saldo de geração de emprego da construção no ano passado, que foi o mais negativo no mercado de trabalho formal cearense, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). “Bons reflexos já estamos enxergando no Sudeste, que apresentou resultados robustos no setor imobiliário. E sabemos que lá é o termômetro do que tende a se espalhar pelo Brasil”.

Para Germano Belchior, presidente da Associação das Administradoras de Imóveis do Ceará (AADIC), a queda dos juros trouxe novas perspectivas para o mercado e diz que as vendas no início do ano já são realizadas de forma mais célere. “Olhando pelo prisma de que as pessoas vão pegar o seu dinheiro e buscar a economia real, traduz-se em mais imóveis vendidos e locados. Em vendas, janeiro foi muito melhor do que no ano passado”.

Fonte: O Povo