Artigo

Entre Olhares: Insustentável crise ideológica

Published

on

No decorrer da semana que passou mais uma vez o alvo de ataque foi a EDUCAÇÃO BRASILEIRA. Reportagens imensas, intensas e pretensas procuraram enfatizar a inviabilidade e a insustentabilidade do ensino superior público de nosso país tendo como pano de fundo a culpabilidade dos trabalhadores e das trabalhadoras em educação, colocados como os vilões do aumento inexorável da folha de pagamento que abocanha a maior parte dos recursos de custeio.
Outro argumento é que a universidade pública brasileira gasta muito na realização de pesquisas, colocando o contra ponto de países de Capitalismo Avançado. Historicamente sabe-se muito bem que, ao contrário do empresariado evoluído internacional, a atrasada burguesia que assume os altos escalões produtivos tupiniquins é eivada por uma inépcia visão de que tudo há de vir gratuitamente das mãos benevolentes do Estado, desobrigando-se de investir em pesquisa.

Outrossim, tem-se a convicção de que as “pesquisas” financiadas pelo Grande Capital, muitas das vezes, possuem o viés de provar o improvável, buscando sempre influenciar e direcionar o comportamento do mercado consumidor. Por outro lado, não são observados os verdadeiros malabarismos de teatro mambembe que os pesquisadores brasileiros são obrigados a fazer em função dos poucos e parcos recursos que lhes são oferecidos em forma de migalhas em editais.

De acordo com as reportagens, o déficit de nove grandes Universidades Federais ultrapassa o somatório de R$ 400 milhões; que o Ensino Superior Público Federal consome mais de 50% do Orçamento Anual do Governo Federal para a Educação; o Governo desembolsa quase R$ 53 bilhões com o custeio; o Orçamento do MEC em 2017 foi elevado a R$ 139 bilhões; já foram consumidos mais de R$ 120 milhões e ainda faltam mais de R$ 800 milhões para concluir a construção da UNILA (Universidade de Integração Latino-Americana); a educação estatal faliu.

Parafraseando o companheiro Luiz Vicente Sobrinho é estarrecedor o comportamento e o comprometimento de “pseudos jornalistas” (provavelmente pela insegurança profissional de correr o risco de compartilhar da Fila do Desemprego com os mais de 13 milhões de brasileiros desempregados) em perpetrar uma campanha ideológica contrária à Educação Nacional, colocando-a como vilã, ao invés de apontar os seus abutres e algozes, mostrando a verdade e apontando possíveis encaminhamentos no sentido de salvaguardar o direito inalienável do Povo do Brasil.

Sabe-se que no nosso país existem mais de 22 mil obras paralisadas. É inequívoca a incompetência, a inércia e o descaso dos administradores públicos com o nosso dinheiro. O propinoduto das empreiteiras tirou o véu que acobertava a corrupção nos projetos públicos de construção das mais diversas obras. Bilhões de reais são destinados à farra das emendas parlamentares em troca de acobertamento de falcatruas. Nos conformes da Lei milhões de reais estão deixados de ser recolhidos aos cofres públicos, dispensando-se multas e juros de dívidas de grandes empresas. Até mesmo jogador de futebol está recebendo a benesse do PERDÃO FISCAL.

Falam muito em repatriação de recursos apreendidos em paraísos fiscais, em contas fantasmas no exterior, em apreensões de malas, cuecas e caixas de dinheiro, em operações policiais contra lavagem de dinheiro, leilões de bens móveis e imóveis apreendidos em operações contra o tráfico de drogas, dentre outras mais que são noticiadas. Uma pergunta que não quer calar: qual o destino de todo este dinheiro? Ele não poderia ser reinvestido em EDUCAÇÃO?

A corrupção no Brasil tem um custo de cerca de 1 trilhão de reais. Comprovadamente o Poder Legislativo deste país é o mais caro e tem se demonstrado o mais corrupto do Mundo. Será que não já chegou a hora de repensarmos esse fatídico, malévolo e nefasto financiamento? Já não é chegada a hora de redirecionarmos o nosso dinheiro para aquilo que realmente beneficia o Povo Brasileiro? As reportagens que li trazem argumentos para isso, pois

“os ganhos financeiros de quem tem educação superior são cerca de 250% maior do que a remuneração média da força de trabalho brasileira. Cerca de 64% dos indivíduos com educação superior estão entre os 10% mais ricos do país” (OSHIMA, 2017. Revista Época, edição 1005, 25 de setembro, p. 33).

Essas informações me trazem a convicção de que não é a EDUCAÇÃO que está em crise, mas sim a insustentável crise moral, comportamental e ideológica pela está submetida a administração pública do nosso país que precisa ser colocada numa posição tal que possamos vislumbrar melhores dias regados à competência, moralidade, transparência e verdadeiro sentido de REPÚBLICA, como um bem e para o bem comuns.

EM ALTA

Sair da versão mobile