Cultura
Entre Olhares: Gato ou lebre?

Entramos num ano eleitoreiro. Muito em breve os grandes espaços midiáticos estarão sendo ocupados pelos postulantes a fim de convencer o eleitorado de que a sua é a melhor proposta; os seus, são os melhores objetivos. Pensando nisso, estou disposto a redigir alguns textos no sentido de provocar os frequentadores deste espaço a que façam uma reflexão sobre o assunto. Muni-me de informações disponibilizadas por Jorge Caldeira no livro “História da Riqueza no Brasil”, com 70 capítulos, distribuídos em mais de 600 páginas, publicado no ano passado. Excelente leitura!
15 de Novembro de 1889 é a data marcante em que se estabeleceu em nosso país a determinação de alternância de Poder, com a mudança do Chefe do Executivo através do voto popular, a cada determinado espaço de tempo. Chamou-se isso de Proclamação da República. De lá para cá avanços e recuos têm caracterizado a passagem do bastão, literalmente custando aos cidadãos e cidadãs um pesado ônus financeiro traduzido nas mais diversas formas de incompetência, má administração da coisa pública e farta corrupção.
A História que nos é contada por Caldeira (2017), acontecida ainda no Século XIX, dá-nos a impressão de se tratar da narração de fatos corriqueiros que vêm acontecendo nos corredores palacianos da nossa augusta Brasília. Para hoje, cumpre-me chamar à atenção ao episódio de sucessão de Prudente de Morais para Campos Sales, na Presidência da República. O primeiro, republicano convicto que desde os tempos do Império já sonhava com o Brasil republicano. O segundo, um conservador monarquista desejoso da volta do Poder Moderador.
Já naquela época era muito comum o que hoje chamamos de GOLPE. Diversos representantes máximos de nossa nação foram arrancados à força de sua investidura. Assim se deu: D. Pedro I foi forçado a abdicar; D. Pedro II foi banido; o Marechal Deodoro da Fonseca foi deposto. Não obstante, o Marechal Floriano Peixoto não compareceu à cerimônia de transmissão do cargo para Prudente de Morais.
Com um currículo invejável (militante republicano, filho de tropeiro, ex tropeiro, deputado provincial, deputado nacional, ministro, senador e governador) Campos Sales foi o nome escolhido para ser o sucessor. O que seus aliados não sabiam era do seu posicionamento contrário à forma de conduta do governo de Prudente e, seu reposicionamento em relação à República. Informado de sua escolha para a sucessão, o mesmo não revelou a mudança de suas convicções. Em sua posse, publicou manifesto afirmando-se suprema autoridade que dirige, delibera e aplica.
Esse posicionamento enganoso de Campos Sales remontava ao comportamento do Visconde de Itaboraí, célebre pela máxima de que “O rei reina, governa e administra”, ao defender os poderes pessoais, absolutos e arbitrários, pelo Partido Conservador, de D. Pedro II. Campos Sales justificou que “quem se propõe a consultar opiniões alheias sujeita-se sempre a modificar as suas”. Isso lembrou-me o atual presidente da Câmara dos Deputados ao afirmar que “não estamos obrigados a ouvir clamores do povo, isso aqui não é um cartório”.
Campos Sales é o responsável pela inauguração da mentira, da farsa e do engano dentro da política brasileira. Ao não falar a verdade a respeito da forma como pensava, ludibriando eleitores e apoiadores, garantiu sua condução ao posto maior da nação. Uma vez investido, mostrou de fato ao que veio e perpetrou uma série de atos ditatoriais, nefastos à economia e aos ideais republicanos. Firmou acordo com a Inglaterra elevando em 100% a taxa de câmbio, valorizando a libra esterlina.
Ruralista avesso ao avanço industrial do país, pois considerava os salários dos operários elevados por conta de que os mesmos tinham desenvolvido o hábito de uma existência mais confortável e mais dispendiosa, o que implicava em carestia do custo de vida. Defendia o conceito aristotélico de que a natureza era a única produtora de valor e por isso a agricultura deveria ser incentivada e protegida pelo governo. Atraso na industrialização, endividamento externo e aumento de impostos foi a política de austeridade econômica do seu Ministro da Fazenda Joaquim Murtinho.
Resultado: desvalorização da moeda nacional; queda de arrecadação; queda na movimentação de mercadorias no mercado interno, principal propulsor da economia brasileira; queda nas alíquotas de importação; desastre econômico! Como se vê o amalgamento da política decidida nos bastidores com o mal caratismo de certos candidatos pode ser o germe de um grande impropério para toda a nação.
*Entre Olhares é escrita por Lúcio José
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