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COLUNA DIREITO E CIDADANIA: O PAPA QUE INCOMODA

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Já era sabido que o Papa Francisco tinha contra si uma legião de supostos cristãos, católicos ou não, que o destratavam em razão das posições assumidas em todo o seu sacerdócio. Com a sua morte, alguns desses ditos cristãos não se contiveram e, em redes sociais mundo afora, passaram a postar absurdos inimagináveis sobre a figura do Santo Padre, sem o mínimo respeito à autoridade do Pontífice ou mesmo de compaixão pelo ser humano Mario Bergoglio.

Dentre os termos que os detratores imaginam carregar uma grave ofensa, está o de “Papa Comunista”, como se referiu um conhecido ao se dirigir a mim, ao qual retorqui afirmando que o Papa fora tão comunista quanto Cristo, embora não existisse naqueles tempos, tanto quanto hoje, exemplo de comunismo vigente entre as nações.

Tais posturas, reveladoras da pouca quantidade de fé verdadeira ou da sucumbência da falsa fé à ausência de humanismo, ao excesso de intolerância e à ignorância política e ideológica, escancaram o triste momento que vive a humanidade, com radicalização, menosprezo às diferenças e falta de compaixão pelos desvalidos. Não vejo outra explicação plausível para essas condutas tão desarrazoadas.

De fato, o Papa Francisco mostrou-se ao mundo com posições bem definidas e avançadas em diversas áreas, como a defesa dos direitos humanos, a preocupação com os pobres e a reforma da Igreja, tendo, em razão disso, adotado uma postura mais inclusiva em relação a temas como a homossexualidade e o divórcio, desafiando alguns dogmas tradicionais e tornando a Igreja uma instituição mais aberta e inclusiva. Com a sua opção pelos pobres, o Papa foi uma voz forte contra a desigualdade e a injustiça social, bem como contra a concentração de riquezas e crítico da forma como o sistema financeiro global opera; bradou contra o descarte de imigrantes e refugiados, propugnando solidariedade e acolhida a estas pessoas.

Vemos que Francisco, portanto, foi um Sacerdote que buscou a Igreja viva do povo de Deus, tão falada pela Teologia da Libertação, que enfatiza a importância da ação social e da libertação dos oprimidos dentro da Fé verdadeiramente cristã, e, por isso, incomodou àqueles que, vivendo sob a bonança e a opulência, ou mesmo sem riquezas materiais, mas fartos em ignorância e apegados a preconceitos mesquinhos, exijam dele nada mais que apenas oração, vazia e sem polêmica, como a propagar que o Cristo – que eles afirmam que acreditam – esteve errado o tempo todo, quando se posicionou, tal como o Franciso, ao lado dos pobres, dos pecadores, dos discriminados, dos desvalidos, combatendo os vendilhões, as injustiças e os podres poderes de seu tempo, exercendo em plenitude a humanidade e o que hoje chamamos de espírito de cidadania.
Se Ele (Cristo), por essas escolhas, teve os Fariseus a persegui-Lo, Franciso também teve e tem os seus fariseus modernos, mesmo após sua morte, sendo, porém, alguns, disfarçados de cristãos.

ROMUALDO LIMA
Procurador Federal
Ex-Conselheiro estadual da OAB/CE
Conselheiro vitalício do Conselho da OAB – Subseção Iguatu

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