Regional
Transposição leva espécie de peixe invasora a rios na Paraíba; Jaguaribe é estudado
Três anos depois da chegada das águas do São Francisco à Paraíba, uma espécie invasora de peixe tem se proliferado e pode gerar perdas ecológicas significativas. É o que conclui uma pesquisa realizada no açude Poções, no município de Monteiro. O reservatório foi o primeiro da bacia do rio Paraíba do Norte a receber águas da transposição, em março de 2017. O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em parceria com as universidades federais do Rio Grande do Norte e da Paraíba e está publicado na edição de maio da revista Biota Neotropica.
Para chegar aos resultados do artigo, os autores do trabalho avaliaram a composição e frequência relativa de espécies de peixes do açude usando dados coletados antes e depois da transposição do rio São Francisco. Foram feitas coletas de peixes em julho e novembro de 2016, antes da transposição, e em julho de 2018 e janeiro de 2020, depois da transposição do rio.
A espécie Moenkhausia costae (popularmente conhecida como tetra fortuna, piaba ou lambari) foi localizada na bacia pela primeira vez em 2018, em coleta de cinco peixes durante o período chuvoso. Em janeiro de 2020, foram coletados 36 peixes da espécie em período de seca, sendo a terceira espécie mais abundante naquele momento.
“Os resultados da pesquisa reforçam a ideia de que as bacias que estão recebendo as águas do São Francisco precisam de monitoramento contínuo para que os pesquisadores possam avaliar os possíveis impactos que essa transposição entre rios pode ocasionar”, explica o pesquisador Telton Ramos, um dos autores do estudo. “A introdução de espécies exóticas é considerada uma das principais causas de perda de espécies nativas no mundo, levando muitas populações à extinção.”
Além disso, espécies invasoras podem acarretar o desenvolvimento de novos patógenos, a redução dos estoques pesqueiros, a redução da qualidade da água, entre outros. Para Ramos, é necessário desenvolver estratégias efetivas para evitar a proliferação de espécies invasoras nas bacias receptoras. “Uma das estratégias é o incentivo a pesca dessa espécie no lugar das nativas. Mas o principal meio deveria ser através dos canais do São Francisco, com estratégias de evitar a passagem de animais e de ovos”, afirma.
No Ceará, pesquisadores do Programa de Pós graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal da Paraíba têm estudado a diversidade de alguns grupos de organismos, como peixe e seus parasitos, pré e pós transposição do São Francisco para a bacia do rio Jaguaribe. Foram realizadas coletas em noves pontos do rio Jaguaribe, nos períodos de seca e cheia antes da transposição. O objetivo é continuar o projeto agora, depois da chegada das águas do São Francisco, e assim avaliar os possíveis impactos ecológicos da transposição.
Fonte: O Povo
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