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Entre Olhares: O escárnio da sociedade brasileira

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Não é novo e não é de hoje o fato de que a elite dominante deste nosso país promove ao seu bel sabor uma verdadeira zombaria com a cara da sociedade brasileira, patrocinada com as nossas riquezas, que há muito tempo, se bem empregadas e administradas, já teria nos colocado entre o rol das nações mais prósperas e desenvolvidas do planeta, garantindo a todos nós uma vida digna, saudável, segura, ecologicamente correta, com habitação, trabalho e renda com IDH (Indicador de Desenvolvimento Humano) compatível com outras potências econômicas.

A avalanche de desmandos no usufruto privatizado das nossas riquezas se arrasta desde o suposto “descobrimento” até os dias atuais. Eduardo Galeano (2015, p. 288) no seu livro As veias abertas da América Latina, denuncia que na Década de 60 do Século passado, por obra de governos golpistas, o capital estrangeiro detinha o domínio no Brasil de 40% do Mercado de Capitais; 62% do Comércio Exterior; 82% do Transporte Marítimo; 67% dos Transportes Aéreos; 100% da produção de veículos e de pneus; 80% da indústria farmacêutica; 50% da indústria química; 59% da produção de máquinas; 62% da indústria de autopeças; 48% da produção de alumínio e 90% da produção de cimento.

Essas constatações foram feitas pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, bem como, por uma Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso Nacional que, às vésperas de divulgar os resultados da investigação, foi impedida de fazê-lo, pois o Regime Militar fechou as portas do Congresso Brasileiro. Não obstante todo este entreguismo militarista, somas vultuosas de capitais nacionais foram sobejamente expatriados por conta das benesses bondosamente distribuídas às multinacionais, tais como, a renúncia do pagamento de impostos.

Hodiernamente a chacota com o dinheiro público nacional é patrocinada também por um governo golpista que distribui a esmo nada menos do que cerca de 52 bilhões de Reais (informações da EBC, Estadão, Gazeta do Povo, Poder 360 e Outras Palavras) com o perdão da dívida de bancos privados, Emendas Parlamentares (sobejamente sabido que se trata da compra de votos), compra de refrigerantes, pensões vitalícias e auxílios diversos (inclusive MORADIA – sob os auspícios do tão propalado Direito Adquirido).

Até mesmo a falácia do investimento ao desenvolvimento cultural não passa de uma escabrosa “ação entre amigos”. Estudo realizado por pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, intitulado “O financiamento da cultura no Brasil no período 2003 – 2015” (COSTA, 2017), revelou que no período estudado a Lei de Incentivo à Cultura (LIC) gerou pouco mais de 13 bilhões de Reais em investimentos no setor. E DENUNCIOU: “O Instituto Itaú Cultural aparece entre os 10 principais captadores de recursos por meio da LIC em todo o período de 2003 a 2015. Ocorre também grande concentração de proponentes na produção cultural: 75% do total investido em cultura por meio da LIC foi captado no mercado por apenas 19,14% das empresas que apresentaram projetos para o MinC. Em 2015, , a concentração de recursos financeiros permaneceu praticamente inalterada, visto que 18,55% das empresas proponentes concentraram 75% do que foi investido naquele ano”.

O estudo da FGV RECOMENDA: “A manutenção da forma de financiamento público do setor, por meio da permanência da LIC, faz com que poucos tenham acesso aos recursos públicos, uma vez que o mercado tende a manter a concentração da produção cultural do país sobre o controle de poucos, não distribuindo os recursos de uma forma equitativa. É necessário promover uma reforma no financiamento dos projetos culturais, caso contrário, as atuais políticas públicas de financiamento deverão manter a tendência do uso da cultura para geração de monopólios, além de o acesso aos bens culturais permanecer restrito a pequenas parcelas da população, impossibilitando uma efetiva atuação governamental no fomento da diversidade cultural e regional do Brasil”.

Percebe-se claramente, em função das informações apresentadas, que Jessé Sousa está coberto de razão somos dominados por uma verdadeira ELITE DO ATRASO, pois enquanto corruptos e corruptores esbanjam nosso dinheiro de maneira vil, dilapidando as nossas riquezas, o desenvolvimento científico e tecnológico da nossa nação, que certamente é o que poderia garantir a nossa soberania e autodeterminação com alteridade, está fadado ao colapso, com um mísero orçamento que não ultrapassa a cifra de 0,3 bilhões de Reais.

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