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Ensino superior. Como financiar o sonho da faculdade

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Estudar em uma Instituição de Ensino Superior (IES) privada é um sonho que está mais difícil de se concretizar no Brasil. As causas são a queda de subsídios pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e as exigências mais rígidas na seleção do programa pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Mas, para evitar a perda de alunos, o setor educacional firma parcerias com programas de financiamento privado. Para os estudantes, isso significa alternativas.

O Centro Universitário Estácio do Ceará, por exemplo, sofreu com a retração de mais de 20 mil alunos beneficiados pelo Fies. Ao final do 1º semestre de 2015, havia 146,1 mil, enquanto que, ao final do 1º semestre de 2016, o número de alunos caiu para 125,6 mil. Hoje, a Estácio oferece como alternativa de financiamento o crédito universitário PraValer, a partir do qual o aluno paga 50% da mensalidade enquanto estuda, e, após estar formado, quita os 50% restantes.

Larissa Félix, 20, estudante de Enfermagem, se sobressaiu e, no 2ª semestre de 2015, garantiu uma vaga no Fies, com percentual de empréstimo de 80,84%. Calculado pela renda e valor do curso, o financiamento pode variar de 10% a 100%. Sem o auxílio do programa, a jovem não teria condições de financiar seu curso superior. “O Fies é a oportunidade de poder finalmente seguir meus estudos. Sem ele, não conseguiria. Foi minha salvação”.

Conforme normas estabelecidas em janeiro de 2015, apenas estudantes que obtiveram nota superior a 450 pontos no Enem e que não zeraram a redação podem se candidatar a vagas no Fies. Apesar de comprometer o acesso de alguns alunos, Larissa vê um lado positivo na aplicação das normas. “Ficou ruim porque alguns não conseguem entrar por não atingir a nota, mas, por outro lado, o processo está mais organizado e seletivo”.

Camila Lambert Brasil, 28, estudante de Psicologia, não teve a mesma sorte. “Fiquei em 29º lugar e só foram ofertadas 10 vagas para meu curso onde estudo”. Decepcionada, ela critica os altos juros atrelados aos financiamentos privados. Ainda assim, ela não pretende mais tentar recorrer ao programa do governo. “Reduziram muito as vagas e as notas de corte são altíssimas. Não conto mais com o Fies para voltar a estudar”.

Assim como Camila e Larissa, mais da metade dos jovens brasileiros não tem como pagar pela sua formação, dependendo de programas do Governo conforme dados da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES). E é este o público dos sistemas de bolsa e crédito privados para estudantes, adotados por diversas IES cearenses.

FIES

O Fies é o programa do MEC que financia cursos de ensino superior não gratuitos, com avaliação positiva no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Podem concorrer a vagas do Fies, estudantes que não tenham concluído curso superior, que não seja beneficiário de bolsa integral do ProUni, que tenha participado do Enem a partir de 2010, e que possua renda familiar mensal bruta per capita de até três salários mínimos. A taxa de juros é de 6,5% ao ano.

PROUNI

O ProUni é outro programa do MEC que concede bolsas de estudo integrais e parciais de 50% para alunos carentes economicamente. A instituição que adere ao ProUni fica isenta de alguns tributos, como o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS). Podem se inscrever a bolsas candidatos que tenham feito o Enem e cursado o ensino médio completo em escola da rede pública, entre outros quesitos.

Em julho, a Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES) divulgou um estudo que mostra que mais da metade – 50,5% – dos jovens brasileiros não têm condições de pagar sua formação e dependem da ajuda de programas do Governo.

A 9ª edição do documento Análise Setorial da Educação Superior Privada 2016, da Hoper Educação, aponta que alunos que não conseguem o Fies acabam procurando cursos à distância ou presenciais mais baratos.

De 2011 a 2014, a quantidade de alunos potencialmente pagantes vem caindo, registrando taxa de crescimento anual composta (CAGR) de -2,6%, enquanto que a quantidade de alunos vinculados ao Fies registrou um crescimento acentuado, com CAGR de 87,6%.

No mesmo período, o Nordeste (45%) e Centro-Oeste (41%) foram as regiões que ficaram acima da média nacional de alunos com o Fies, mas a Hoper estima que o programa não deve voltar a ter o mesmo número de contratos que teve até 2014.

Ainda de acordo com o documento, na perspectiva mais otimista, a educação superior só deve voltar a crescer a partir de 2017, com Fies cada vez mais restrito a alunos mais carentes financeiramente e a cursos priorizados pelo governo federal.

Números

50,5% Dos jovens brasileiros não têm como pagar pelo ensino superior, dependendo de programas do Governo

2017 é quando o ensino superior deve voltar a crescer conforme o cenário mais otimista traçado pela Hoper. Já o Fies deve ficar mais restrito

Fonte: O Povo

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