Ceará
Embrapa Algodão em parceria com universidade e prefeituras tenta retomar cultura algodoeira no sertão

O Ceará já foi um dos grandes produtores de algodão no Nordeste entre as décadas de 1960 a 1985 até quando apareceu um besourinho chamado de bicudo e destruiu a lavoura, inviabilizando a produção em larga escala na modalidade de sequeiro, que depende exclusivamente da chuva. Usinas de beneficiamento fecharam e o tempo de trabalho e renda no campo para milhares de agricultores ficou na saudade.
Os tempos áureos do conhecido ‘ouro branco’ ficaram para trás, mas 35 anos depois técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, Campina Grande, em parceria com a Universidade Federal do Cariri e secretarias municipais de Agricultura apostam em projetos de retomada da cotonicultura irrigada no sertão cearense. Os dados são animadores.
O engenheiro agrônomo, Gildo Araújo, da Embrapa Algodão/Campina Grande reafirma, animado, que é sim viável a volta da cultura do algodão, desde que amparada em princípios técnicos, manejo moderno e adequado às condições do Semiárido e de modo irrigado. “Não podemos pensar mais no plantio como no passado, mas com a implantação de um manejo diferente, que assegura uma produção economicamente viável”.
Experimentos realizados nos últimos dois anos na região do Cariri cearense, no entorno do município de Brejo Santo vêm apresentando resultados satisfatórios. Inicialmente, foram cultivados 30 hectares, mas agora a área já expandiu e ultrapassa 800 hectares.
Além de Brejo Santo, Milagres, Mauriti, Porteiras, Penaforte, Missão Velha e Barbalha, no Cariri cearense, Várzea Alegre, Iguatu e Acopiara no Centro-Sul cearense estão no rol de municípios em que há produtores rurais interessados em cultivar algodão irrigado.
As unidades experimentais demonstram custo médio de produção por hectare em torno de R$ 3.000,00 e produtividade média de 2500 quilos/por hectare. “Os dados mostram a viabilidade econômica com 100% de lucro”, observa Gildo Araújo.
Cariri ampliou cultivo
Na região do Cariri, em 2018 foram cultivados 100 hectares de algodão irrigado, mas neste ano a área de plantio foi ampliada para 800 hectares. “Temos a expectativa de ampliar mais no próximo ano”, frisou Gildo Araújo. “Afinal, os produtores estão animados”.
As novas técnicas de cultivo exigem mudança de mentalidade dos produtores para implantação de manejo diferente e novas tecnologias. “São medidas simples”, observa Gildo Araújo. Preparo do solo, uso de semente adequada, distanciamento entre as plantas, irrigação, adubação, verificação diária se há ocorrência de pragas e controle correto são indispensáveis para a sustentabilidade da cotonicultura no sertão cearense.
“Não se pode deixar algodão 365 dias no campo, pois vai ocasionar disseminação do bicudo”, alertou Gildo Araújo. “Pode dar certo por uma safra, duas, mas não tem viabilidade”. A retirada dos restos culturais e queima é necessária entre todos os produtores para não ocasionar os chamados ‘viveiros’ de bicudo.
Em Brejo Santo há um trabalho novo no campo e os agricultores estão conscientes em seguirem as orientações dos técnicos, segundo a pesquisa científica. A Embrapa em parceria com as Prefeituras assegura assistência técnica.
“Os produtores estão animados e querendo plantar mais”, disse o agricultor, Luís Alves, da região do Cariri. “É um movimento novo que surgiu forte e está dando certo”. Em Iguatu, o produtor, Francisco Gomes, disse que prepara uma área de um hectare no distrito de Alencar para o cultivo de algodão. “Vou seguir a orientação dos técnicos e experimentar”.
Já com relação ao cultivo de algodão na região do Sertão Central, Gildo Araújo observa que muitos produtores ainda mantêm manejo antigo e, por isso, a rentabilidade é menor. “É preciso adotar mudanças e a Embrapa está à disposição”, pontuou.
O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC) no Sertão Central, Cirilo Vidal, avalia a situação da cotonicultura na região como preocupante. “Em 2018, o plano de revitalização apresentado pela Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ceará (Seap) entusiasmou os produtores e contamos também com o apoio da Fatec, Ematerce e da Embrapa”, observou. “No início de 2019, a Seap foi extinta e o plano não teve continuidade”.
Vidal frisou que neste ano a colheita foi muito reduzida. “Não houve vazio sanitário e o bicudo atacou novamente”, lamentou. Nos últimos 20 anos, houve várias tentativas governamentais para a retomada da cotonicultura, mas não avançaram. “Dificuldades de combater o bicudo e outras pragas, custo de produção, baixa produtividade e preço de mercado considerado reduzido inviabilizaram a retomada do algodão no sertão cearense”, observou o secretário de Agricultura de Iguatu, Edmilson Rodrigues.
Destaque
A região do Cariri – municípios de Brejo Santo, Milagres, Mauriti, Porteiras, Penaforte, Missão Velha e Barbalha – ampliou a produção de algodão, conhecido como ‘ouro branco’, neste ano, para 800 hectares. Em 2018, foram cultivados apenas 100 hectares.
No início da década de 1970 a produção de algodão no Ceará se aproximava das 380 mil toneladas, em caroço. A área plantada, em sequeiro, era de 1,2 milhão de hectares. Quixeramobim e Quixadá eram destaques no Centro do Estado, ao ponto de a região ter recebido o título de Terra do Ouro Branco.
Juntos, em 2018, os dois municípios produziram 503 toneladas. A área utilizada foi de 750 hectares. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Fonte: Diário Centro Sul
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