Desenrolados: os cearenses que transformaram o virtual em dinheiro real

Em meio a todas as possibilidades de informação, comunicação ou entretenimento que a internet oferece, há quem a veja como uma oportunidade de investir em um negócio próprio e alcançar o sucesso. Este é o caso de três cearenses que enxergaram o empreendedorismo no ambiente digital como uma boa opção e apostaram em ferramentas que já dão lucros.

Bruno Cruz, do aplicativo Vitrola, Daniel Soares, do site Xpock, e Thiago Matso, do blog Profetirando, investiram na música, no humor e na religião para desenvolver aplicativos e sites que, em pouco tempo, conquistaram o público do Estado. O que muitas vezes começa com uma brincadeira, virou “coisa séria” e levou cada um deles a traçar estratégias para captar investimentos e aumentar o faturamento.

Os três tiveram em comum a ideia de transformar ações cotidianas em algo que pudesse ser rentável. A internet, então, tornou-se a plataforma que Bruno desenvolve um novo trabalho, que Thiago utiliza para ganhar uma renda extra e que Daniel aposta para lucrar. A coragem do trio em investir em uma rede tão ampla pode até assustar, mas é acreditando nesse leque de possibilidades do mercado digital que eles buscam se firmar com investimentos diferenciados.

Religião tratada com humor

Este diferencial é a aposta do publicitário Thiago Matso. Ele acredita que não existe concorrência na internet, mas que cada investidor precisa encontrar o que lhe torna único. “Tudo tem que ter um diferencial, a internet é um mercado em que todos podem entrar, mas acredito que não existe concorrência, você tem que entrar com um diferencial para não ser mais do mesmo”, revela.

Há cinco anos, Thiago criou o blog Profetirando para falar de assuntos que envolvam humor e religião. Com frases, imagens e tirinhas sobre o mundo cristão, o publicitário logo conquistou um público fiel. “Eu acredito na internet desde sempre, desde que comecei a mexer, criei um blog para postar coisas de humor e cotidiano e logo rolou muitos acessos”, revela.

Com uma média de acessos já estabelecida, o publicitário começou a pensar em expandir a iniciativa. Há dois anos, ele estudava a possibilidade, até que, neste ano, lançou a loja virtual do site, vendendo camisetas. A aposta no artigo de vestuário, entretanto, não foi aleatória. Thiago fez uma pesquisa com o público do Profetirando e este apontou a peça como o artigo que mais compraria.

Após o sucesso com a venda das camisas, Thiago começa a investir na produção de vídeos no YouTube, uma outra boa fonte de renda, e a venda de canecas, na sua loja virtual. De acordo com o blogueiro, apesar de ter um outro emprego, a venda de camisetas garante uma boa margem de lucro.

Comércio eletrônico movimentou R$ 16 bilhões no Brasil

Camisetas e artigos de moda, no geral, não são preferências apenas do público do Profetirando. Segundo dados levantados pelo E-bit, a categoria moda e acessórios lidera as vendas no e-commerce brasileiro, com 18% dos pedidos, seguida por cosméticos e perfumaria, com 16%, e eletrodomésticos, com 11%.

O comércio eletrônico movimentou, no primeiro semestre de 2014, R$ 16 bilhões no Brasil, superando período semelhante de 2013. Conforme o relatório da E-bit, o e-commerce ganhou 5,06 milhões de novos consumidores, que fizeram suas compras online pela primeira vez, marcando um crescimento de 27% em relação ao primeiro semestre de 2013. O número também colaborou no somatório de 25,05 milhões de e-consumidores que fizeram compra nesse intervalo de tempo.

Nesse período, a venda por dispositivo móvel também cresceu, subindo de 3,8% (junho/2013) para 7% (junho/2014), o que representou um crescimento de 84% em um ano.

Parte técnica ainda é barreira

Um dos grandes desafios na hora de montar uma loja virtual é encontrar uma plataforma ou empresa que hospede o site. Thiago Matso revela que achar a plataforma de e-commerce ideal foi a sua maior dificuldade. Após muitas pesquisas, ele encontrou uma que oferece um serviço pronto para quem paga mensalidade.

A dificuldade é compartilhada pelo economista Daniel Soares, criador do site de humor Xpock. Ele conta que o principal desafio do Xpock foi em relação à parte técnica, pois o servidor ficava instável e chegava a cair quando o site tinha muitos acessos. Hoje, ele trabalha com uma empresa terceirizada que é responsável pelo servidor.

A ideia do site de Soares nasceu do hábito de mandar e-mails para os amigos com conteúdos engraçados que circulavam na internet. Para otimizar o material e concentrar tudo em um local, em 2006, ele criou o Xpock. Com pouco tempo, o site atraiu um público além dos colegas de Daniel e conquistou um grande número de acessos.

Um ano após a estreia, os primeiros anunciantes começaram a aparecer e o que foi criado apenas por brincadeira estava virando “coisa séria”. Hoje, o Xpock é um site de conteúdos com espaço para anúncios publicitários e que é feito por Daniel e uma equipe contratada por ele, além de colunistas que contribuem na publicação de conteúdo.

Fonte: Diário do Nordeste