Iguatu
Crise no abastecimento de água em Iguatu expõe falhas de gestão e uso de recursos
Iguatu vive, nos últimos dias, a pior crise de abastecimento de água de sua história. A escassez tem gerado protestos, denúncias e acusações de sabotagem na operação do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), enquanto a população enfrenta torneiras secas em diversos bairros da cidade.
Na segunda-feira (16), o morador do Bugi, Roberto Vinícius, conhecido como Robertinho, divulgou um vídeo cobrando providências do prefeito Roberto Filho e denunciando suposta manipulação na distribuição de água.
“Já tem mais de sete meses que estão boicotando sua gestão de todo jeito. Essa aqui é a pior que existe. Orós sangrou, Trussu cheio, mas não tem água na cidade. Não é só no Bugi não, é em todo canto. Estão mexendo para não deixar a água chegar ao povo”, afirmou Robertinho.
A fala do morador reforçou suspeitas de suposta sabotagem dentro do SAAE, com a denúncia de que registros estariam sendo controlados para restringir o fornecimento em determinadas áreas.
Agenor Neto também se manifesta
O deputado estadual Agenor Neto (MDB) também se posicionou. Em vídeo publicado nas redes sociais, ele criticou duramente a atual gestão municipal e responsabilizou o prefeito Roberto Filho pela crise.
“Nada justifica o que os iguatuenses estão passando, a não ser a incompetência e a falta de compromisso da gestão. O sistema de água não é da Cagece, é do município. A responsabilidade é do prefeito e do SAAE. Já existe um projeto de uma nova adutora de R$ 80 milhões apresentado ao governo federal. Mas, enquanto isso, o povo continua sofrendo”, disse.
Agenor ainda mencionou áudio atribuído ao superintendente do SAAE, primo do prefeito, Breno Teixeira, em que ele supostamente ironiza a situação do abastecimento. Para o parlamentar, o episódio demonstra o desleixo administrativo.
Um problema antigo e anunciado
O colapso no abastecimento tem origem no desgaste da adutora do Trussu, construída há mais de 20 anos e sem manutenção adequada. Segundo registros, já em gestões anteriores foram destinados recursos para a recuperação, mas as obras não avançaram.
Em 2023, durante a CPI da CAF na Câmara Municipal, veio à tona que 50 milhões de reais do empréstimo firmado com a Corporação Andina de Fomento (CAF) deveriam ser aplicados em obras de saneamento, incluindo a ampliação do abastecimento de água. No entanto, até agora não há comprovação de execução efetiva com esse recurso.
Atualmente, o SAAE arrecada mais de R$ 2 milhões por mês, mas parte dessa receita já está comprometida com o pagamento do empréstimo da CAF — mesmo sem a obra concluída.
Situação crítica no tratamento de esgoto
Além da falta de água, denúncias apontam falhas graves na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). Empresas de limpa-fossa, inclusive ligadas a político local, descarregam resíduos supostamente pagando menos de R$ 50 por caminhão, enquanto o material é despejado sem tratamento adequado no Rio Jaguaribe.
Moradores também questionam a cobrança de tarifa de esgoto na conta de água — valor que chega a 50% do consumo — sem que haja efetivo tratamento. O rejeito sólido é despejado no lixão municipal, sem aproveitamento ambiental, apesar de projetos de compostagem já discutidos no passado.
Pedido de socorro à Cagece
No último dia 16 de setembro, a Prefeitura enviou ofício à Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), solicitando apoio técnico e institucional. No documento, a gestão reconhece dificuldades de planejamento, controle de perdas e sustentabilidade financeira do SAAE.
O movimento reacende especulações sobre uma possível transferência da autarquia municipal para a Cagece, dentro das diretrizes do Marco do Saneamento.
Fórum sem água e serviços prejudicados
Entre os locais afetados, está o Fórum de Iguatu, que precisou solicitar carro-pipa para garantir a realização das audiências de custódia. Em bairros como Vila Neuma, Chapadinha, Loteamento Mirante Verde e Bugí, moradores relatam dias sem abastecimento regular.
O buraco é mais embaixo
Especialistas e lideranças locais afirmam que o problema não se resume a registros mal operados ou supostas sabotagens. O sistema não suporta pressão por causa da deterioração da tubulação. “Em alguns pontos a água chega por gravidade, mas em muitos bairros não chega. Essa é uma tragédia anunciada, que poderia ter sido evitada com planejamento”, apontam.
Enquanto a população sofre com a falta d’água, a crise expõe falhas estruturais, questionamentos sobre o uso de recursos públicos e a urgência de uma solução definitiva para o abastecimento e o saneamento de Iguatu.
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