Jean Carlos Feitoza Lopes, 43 anos, estava concluindo seu curso de Licenciatura Plena em História na FECLI pela Universidade Estadual do Ceará, em Iguatu/CE, quando diante da necessidade de abordar algum fator histórico regional, ao perceber a diminuição dos grupos de Caretas, e na curiosidade de diferenciar a brincadeira da zona rural com a zona urbana na cidade, decidiu realizar o Trabalho de Conclusão de Curso – ou TCC, com a temática: REINVENÇÕES DAS TRADIÇÕES NA ZONA URBANA E RURAL DE IGUATÚ: FESTA DOS CARETAS 2020.
O estudante coletou informações de brincantes e populares e mergulhou no universo da festividade tradicional nordestina. Suas peculiaridades e curiosidades foram sistematizadas no trabalho de pesquisa que servirá para futuras gerações.
A ideia de documentar as mudanças na festa popular serviu ainda para reafirmar aquilo que muitos já haviam percebido, a brincadeira de caretas mudou, se modernizou, mas não perdeu sua essência. Segundo Jean, os grupos atualmente – os que ele acompanhou, utilizam mais das redes sociais para disseminar as informações da tradição, estão mais organizados, desenvolvem trabalhos sociais, fazem a distribuição das doações muitas vezes diretamente a famílias em vulnerabilidade, promovem cursos nas comunidades, entre outras atividades importantes.
Um fator negativo observado pelo agora graduado, é que por algumas vezes foram observadas crianças paramentadas de caretas pedindo esmola nos semáforos de Iguatu, o que destorce o sentido do festejo popular, já que os brincantes, na sua essência, realizam um cortejo com músicas e brincadeiras pelas ruas da cidade pedindo donativos que serão doados diretamente a famílias necessitadas ou entregues através do “Círculo dos Caretas” – momento em que os moradores da comunidade escolhida tentam invadir um círculo para pegar as prendas (doações recebidas) que são protegidas pelos caretas.
História dos Caretas
A tradição dos Caretas é uma manifestação cultural popular que ocorre em diversas cidades do Nordeste do Brasil durante os dias que antecedem a Semana Santa. Essa tradição envolve dança, música, teatro e artesanato, com o objetivo de representar a luta entre o bem e o mal, a luz e as trevas.
Os participantes, chamados de “caretas”, usam máscaras coloridas e enfeitadas com elementos decorativos, chicotes, instrumentos de percussão, e dançam pelas ruas das cidades em grupos, acompanhados por músicos e outros artistas. A tradição dos Caretas remonta ao período colonial, e tem influências indígenas, africanas e europeias.
Além de celebrar a vida, a fé e a diversidade cultural do Nordeste brasileiro, a tradição dos Caretas também tem uma forte relação com a religiosidade, os brincantes são, em sua maioria, adeptos a Religião Católica.