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Brasil é o único a ultrapassar 200 mortes de grávidas e puérperas por Covid-19

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No Brasil, pelo menos 201 mulheres morreram nos últimos meses durante a gestação ou no pós-parto após diagnóstico de Covid-19. O País foi o único que chegou esse indicador, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Ao todo, são cerca de 1.860 casos da doença notificados nesse grupo de mulheres até o último dia 14 de julho.

Os números são do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) e estão sendo trabalhados por um grupo de obstetras e de Enfermagem de 12 universidades e instituições públicas, entre elas Fiocruz, Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp), que acompanha a mortalidade materna durante a pandemia.

No último dia 9, o grupo publicou estudo na revista médica International Journal of Gynecology and Obstetrics, com análise de 124 óbitos de gestantes e puérperas brasileiras por Covid-19. O dado está dentro de um total de 160 mortes maternas associadas à Covid-19 registradas no mundo até o início de julho.

À época, o número representava 77% das mortes maternas registradas no mundo devido à doença. Os Estados Unidos, que hoje lideram os óbitos gerais pela infecção, tinham registrado 35 mortes de gestantes e puérperas até o último dia 21.

Segundo o estudo, 22,6% das mulheres que morreram no Brasil não tiveram acesso a um leito de UTI, 36% não chegaram a ser intubadas.

“Há uma falha gigantesca na assistência. Com a pandemia de Covid-19, a rede de saúde está mais desarticulada”, diz à Folha a obstetra Melania Amorim, uma das pesquisadoras.

Fatores considerados


Para o grupo que fez o estudo, a má qualidade do pré-natal, recursos insuficientes para o manejo de situações de emergência e dificuldade no acesso aos serviços de saúde durante a pandemia são algumas das hipóteses que explicam o aumento de óbitos.

Segundo a médica Fátima Marinho, consultora sênior da Vital Strategies e professora de saúde pública da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o número de mortes pode ser ainda maior.

Além das lacunas nos dados dos óbitos de mulheres em idade fértil, há ao menos 97 mortes computadas como Síndrome Respiratória Aguda Grave. Segundo Marinho, grande parte destas pode vir a se confirmar como Covid-19.

A especialista diz que esses números precisam servir de alerta para que os gestores de saúde melhorem urgentemente a atenção das gestantes. O assunto foi discutido em um evento virtual do Conselho dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass).

Segundo Maria Auxiliadora Gomes, pesquisadora da Fiocruz, os desafios de acesso e qualidade do pré-natal foram agravados pelas medidas de isolamento. “Nem todos os locais estavam preparados para fazer o acompanhamento das gestantes de forma remota”.

Além disso, ela diz que em algumas localidades, planos de contingência levaram à desativação de leitos de maternidade, o que foi contornado mais tarde, segundo o Conass.

Fonte: O Povo

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