Iguatu
Deputado Marcos Sobreira vota contra emenda para tratamento oncológico em Iguatu e decisão gera forte reação
A votação das emendas ao Orçamento do Estado do Ceará, realizada na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (ALECE), no dia 16 de dezembro de 2025, trouxe à tona uma decisão que vem provocando forte indignação em Iguatu e em toda a região Centro-Sul. O deputado estadual Marcos Sobreira votou contra a emenda que permitiria a implantação imediata do tratamento oncológico no município.
A justificativa apresentada pelo parlamentar foi o fato de a emenda estar destinada ao HMAA – Casa de Saúde. Na prática, o voto impede que Iguatu passe a oferecer, no curto prazo, tratamento contra o câncer, obrigando pacientes a continuarem se deslocando para outras regiões do estado enquanto aguardam a eventual conclusão de um novo hospital, ainda sem data definida para entrar em funcionamento.
Não se trata de fake news, edição de vídeos ou disputa narrativa nas redes sociais. Trata-se de um voto registrado em plenário, com consequências diretas para pacientes oncológicos que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).
Estrutura existente e escolha política
O HMAA possui UTI pediátrica recém-inaugurada, em funcionamento e atendendo via SUS, o que demonstra capacidade instalada e experiência em serviços de média e alta complexidade. Especialistas e profissionais da área destacam que o hospital reúne condições reais para iniciar o atendimento oncológico de forma imediata, sem necessidade de longos prazos ou novas obras.
O episódio reacende ainda questionamentos históricos. Durante o período em que Marcos Sobreira foi prefeito de Iguatu e seu pai ocupava a Secretaria de Saúde, o município perdeu uma UTI Neonatal que deveria atender recém-nascidos em situação crítica. Até hoje, não há explicação clara sobre o desaparecimento dessa unidade, fato lembrado por profissionais da saúde e lideranças locais.
Dois pesos e duas medidas
A reação negativa ao voto do deputado se intensificou diante da comparação com outra emenda aprovada na mesma Casa Legislativa. Recursos públicos foram destinados a cirurgias cardíacas no Hospital São Vicente, uma unidade particular, fora da rede SUS, que conta com UTI adulta de dez leitos. Nesse caso, não houve veto, questionamento ou voto contrário.
O detalhe que chama atenção é que o Hospital São Vicente pertence à família do deputado, é gerido por um tio e tem como cirurgião um irmão do parlamentar. Para a cardiologia, prevaleceu o argumento de que “o importante é salvar vidas” e de que a unidade teria profissionais e estrutura adequados. Para a oncologia, a urgência foi relativizada.
Hospitais filantrópicos e o SUS
Outro ponto criticado é o argumento de que recursos públicos deveriam ser destinados apenas a hospitais “estritamente públicos”. Especialistas lembram que hospitais filantrópicos são parte estruturante do SUS e historicamente responsáveis por grande parte do atendimento oncológico no Brasil. Negar esse papel é ignorar o funcionamento real do sistema público de saúde no país.
Para analistas políticos e representantes da sociedade civil, ao rejeitar a emenda não por incapacidade técnica do hospital, mas por ele ser gerido por uma sociedade filantrópica ligada à família de um adversário político — o ex-prefeito Agenor Neto — o deputado fez uma escolha essencialmente política.
Deslocamento e estrutura insuficiente
Com a rejeição da emenda, pacientes seguem sendo direcionados para tratamento fora de Iguatu, muitas vezes em viagens longas, feitas em ônibus sucateados, enfrentando sacolejos, desgaste físico e emocional. A alternativa frequentemente apresentada é o atendimento no Hospital Regional, unidade que, apesar de avanços importantes, ainda enfrenta problemas estruturais e não possui estrutura plenamente concluída para receber um serviço oncológico de alta complexidade.
Justificar a negativa da emenda com base nesse deslocamento é visto por críticos como “justificar o injustificável”, sobretudo diante da possibilidade de implantação imediata do serviço no município.
Repercussão política e social
A decisão ganha contornos ainda mais sensíveis diante de declarações atribuídas ao próprio deputado, nas quais ele teria afirmado não precisar dos votos de Iguatu para se reeleger. Para lideranças comunitárias, a soma desses fatores reforça a percepção de distanciamento entre o mandato e as necessidades reais da população.
Oncologia, lembram profissionais da área, não é promessa eleitoral nem obra para inauguração futura. É tratamento contínuo, urgente e dependente de tempo — um fator decisivo para quem enfrenta o câncer.
O episódio deve continuar repercutindo nos próximos dias, com cobranças por esclarecimentos e pressão política por alternativas que garantam atendimento oncológico mais próximo da população de Iguatu e da região Centro-Sul.
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